Relator havia alertado para conflito que matou freira

Os conflitos fundiários entre grileiros e trabalhadores rurais em Anapu (PA) já haviam sido identificados pelo relator para Direito Humano ao Meio ambiente, Jean-Pierre Leroy. Em 12 de fevereiro, esses enfrentamentos resultaram no assassinato da missionária americana Dorothy Stang. Leroy foi responsável por uma das seis áreas do projeto "Relatores Nacionais em Direitos Econômicos, Sociais e Culturais", cujo relatório foi apresentado nesta terça-feira (3).

Para Leroy, a morte da missionária se deveu à ausência do poder público na região. "Ao meu ver, essa ausência da presença do Estado foi um elemento muito grave, que levou a essa situação extrema". Ele esteve em Anapu em fevereiro de 2005, cerca de dois anos antes da morte da freira americana.

Na ocasião, o relator se reuniu com cerca de 30 trabalhadores rurais e com Dorothy Stang. "Tivemos uma reunião secreta, à noite, porque realmente as pessoas estavam acuadas. Os depoimentos eram impressionantes, de famílias pobres, que não tinham nem o direito de se locomover. Cada vez que iam para as suas roças, eram ameaçadas pelos grileiros, que se diziam proprietários dessas terras".

De acordo com Leroy, a missionária demonstrou estar bastante preocupada com a situação: "Menos por ela, mais pelos trabalhadores rurais que estavam sendo ameaçados".

O relator disse ainda que denunciou a situação a autoridades do governo e que houve demora na ação da Polícia Federal. "Não sei os motivos, mas infelizmente eles demoraram muito para agir", disse Leroy.

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