Ao defender em plenário o arquivamento do processo de cassação contra o deputado Vadão Gomes (PP-SP), o relator da matéria, deputado Eduardo Valverde (PT-RO), argumentou há pouco que não houve qualquer prova de envolvimento do parlamentar no suposto esquema conhecido como "mensalão".
"Assumo a responsabilidade de remar contra a maré, ou seja, contra o consenso formado pela mídia, que vai dizer que foi absolvido mais um mensaleiro", afirmou Valverde.
Segundo ele, seria fácil aprovar um relatório no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar e "crucificar" mais um deputado ao pedir sua cassação. "Mas a minha responsabilidade foi relatar os fatos, e eles não levam à uma cassação de mandato. Não podemos nos acovardar em nossa ação política por causa da mídia", disse.
Versões
De acordo com o relatório de Valverde, o empresário Marcos Valério de Souza, suposto operador do "mensalão", teria inicialmente afirmado que os recursos dados a Vadão foram repassados a empresas do deputado. Mas, em um segundo momento, Marcos Valério alegou haver entregado os recursos ao deputado em um hotel em São Paulo.
Além disso, o relator estranhou que Valério, apesar de sempre ter revelado detalhes minuciosos de seus encontros, neste caso não lembrava nem ao menos o nome do hotel.
Valverde ressaltou que, segundo provam a documentação da aeronave do deputado e as informações de seus tripulantes, Vadão Gomes não esteve em São Paulo nas datas alegadas por Valério.
De acordo com o relator, a CPMI dos Correios, o Ministério Publico e a Polícia Federal não encontraram provas contra Vadão e isso ficava claro no parecer que originalmente recomendou a cassação, elaborado pelo deputado Moroni Torgan (PFL-CE). "O que transparecia era a falta de provas", concluiu Valverde.
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