Brasília – O relator especial das Nações Unidas (ONU) para Formas Contemporâneas de Racismo, Discriminação, Xenofobia e Intolerância, Doudou Diène, elogiou a iniciativa brasileira de criar uma Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). Para ele, o Brasil enviou uma mensagem ao mundo e à sociedade de que tem problemas para enfrentar, mas serve de exemplo para outros países que também têm problemas raciais.

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Para a ministra da Seppir, Matilde Ribeiro, o Brasil vive um momento diferente do de outros países com a criação da Secretaria, mas os resultados ainda não são percebidos pela sociedade. "Estamos implementando um modelo que tem sido interessante para que, nas áreas da política pública, a inclusão racial seja considerada não apenas dos negros, mas também dos indígenas, dos ciganos e dos grupos que vivem discriminação histórica. Mas nós ainda não temos resultados práticos. Vamos demorar ainda algumas décadas para ter uma mudança que seja visível a olho nu", explicou.

Matilde Ribeiro destacou que existem poucos países do mundo que adotaram a criação de uma secretaria especial para combater a desigualdade racial. "Temos registro de 14 países nas Américas que iniciam programas dessa natureza, mas o status de ministério, por exemplo, ainda é uma novidade que o Brasil lidera e, com isso, também assumimos algumas responsabilidades na relação com os demais países".

O relator especial da ONU visita o Brasil para conhecer as ações brasileiras de combate à discriminação racial. Doudou Diène visitou outros países como Colômbia, Trinidad e Tobago, Guatemala, Honduras e Nicarágua para tomar conhecimento de como as manifestações de racismo ocorrem nesses países. Segundo ele, existe uma herança de racismo em todo o hemisfério, primeiro com relação aos índios e depois com relação aos negros.

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Diène tem que apresentar, todos os anos, relatório à Comissão de Direitos Humanos da ONU sobre o racismo no mundo e relatórios específicos sobre os países que visita. Ele disse que a primeira etapa na luta contra o racismo é a igualdade. O relator considerou importantes as informações dadas pela ministra Matilde Ribeiro sobre o combate à desigualdade racial no Brasil. Ele destacou, especialmente, as ações afirmativas e de inserção do negro no mercado de trabalho e na educação, como a lei que obriga o ensino de cultura afro-brasileira nas escolas.