A relação do primeiro-ministro britânico Tony Blair com o presidente dos Estados Unidos George W. Bush é "totalmente unilateral" e a Grã-Bretanha não tem nenhuma influência sobre a política externa norte-americana, afirmou um funcionário do Departamento de Estado dos EUA, segundo divulgou nesta quinta-feira (30) o jornal britânico The Times.
O jornal afirma que o analista sênior do Departamento de Estado, Kendall Myers, disse numa palestra, em Washington, que o papel da Grã-Bretanha como ponte entre os Estados Unidos e a Europa está "desaparecendo diante de nossos olhos". Myers disse que, apesar de a Grã-Bretanha tentarem influenciar a política externa do país, "nós normalmente o ignoramos e não damos atenção. É um situação triste". As declarações foram feitas em um seminário acadêmico na Universidade de Johns Hopkins.
Myers disse que na relação diplomática entre os dois países "não há senso de reciprocidade". Blair tem sido o principal aliado de Bush na guerra contra o terrorismo, e seu apoio à guerra no Iraque custou-lhe prestígio político interno.
Críticos afirmam que o apoio de Blair a uma guerra impopular e, para alguns, ilegal, nada lhe rendeu em troca. O Partido Trabalhista, que levou Blair ao poder em 1997, assistiu à uma forte diminuição de sua maioria no parlamento nas eleições do último ano. Blair já anunciou que irá deixar o cargo no próximo ano.
Segundo o jornal, Myers afirmou que a guerra deixou Blair "arruinado para sempre" e admitiu que se sente "um pouco envergonhado" pela forma como Bush trata seu aliado.
"O que penso e temo é que a Grã-Bretanha irá recuar frente aos EUA sem se aproximar da Europa. Desta forma, a ponte de Londres está desabando".