Rio de Janeiro – A radiografia da balança comercial dos últimos três anos mostra que as relações Brasil-China são boas e promissoras, avalia o presidente da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico, Paul Liu. De acordo com ele, essas relações "estão indo de vento em popa", o que, segundo Liu, pode continuar pelos próximos cinco a dez anos.
Ele disse que a estimativa para a corrente comercial, com base em dados disponíveis até outubro, é de que será registrado um aumento de 20% em 2006. Com isso, o movimento de intercâmbio bilateral deverá pular de U$ 12,1 bilhões registrados no ano passado para cerca de U$ 15 bilhões a U$ 16 bilhões este ano.
O executivo afirmou que Brasil e China são países que se complementam economicamente, preservando especialidades e características próprias. ?Isso é muito bom porque não é uma coisa sazonal ou momentânea e pode perdurar por muitos anos e até intensificar outros segmentos?, declarou.
Paul Liu constatou, entretanto, que a presença de empresas brasileiras no território chinês ainda é escassa e restrita a companhias integrantes de grupos multinacionais. ?As empresas brasileiras ainda têm uma representatividade muito pequena na China?, observou. Liu indicou as áreas de serviços, bancária, de alimentos e também de construção civil como aquelas que apresentam grande potencial para investimentos brasileiros na China.
Para estimular a parceria bilateral no segmento da construção civil, a CBCDE elabora um projeto de intercâmbio de projetistas e arquitetos brasileiros e chineses para implementação no início do próximo ano. Liu informou que grupos asiáticos estão dominando a construção civil na China. ?Existem inúmeras obras de construção civil e empreendimentos imobiliários onde o Brasil sequer tem participado. Eu acho que aí é uma boa oportunidade?, sugeriu o presidente da CBCDE.
Em contrapartida, as empresas chinesas, com destaque para as estatais de grande porte, têm vindo ao Brasil estudar o mercado, demonstrando especial interesse nos setores de telecomunicações e energia. Paul Liu frisou que em tudo que se refere à energia, ?a China está correndo atrás e procurando levar esses projetos para adaptação no mercado chinês porque tem uma carência muito grande em fontes energéticas.
Os programas de álcool e de biodiesel desenvolvidos pelo Brasil despertam interesse especial da China. ?Tenho certeza que nos próximos anos o interesse da China pelo Brasil irá aumentar cada vez mais?, apostou o executivo. Liu lembrou ainda que na área de alimentos, cana-de-açúcar e algodão, além da soja, começam a ampliar sua participação na pauta de exportações brasileiras para o mercado chinês. Outros produtos que vêm despertando atenção dos importadores são madeira e celulose.
A corrente de comércio bilateral é superavitária para o Brasil, que ainda exporta mais para a China do que importa daquele mercado. Liu chamou a atenção para o fato de que, nos últimos anos, a importação da China para o Brasil aumentou, devido a uma mudança do perfil de produtos importados. Há alguns anos, o Brasil importava matérias-primas e alguns produtos básicos. Hoje, importa componentes eletrônicos e para telecomunicações. Ele avaliou, porém, que ?se isso é para alimentar nossa indústria, essa importação não traz malefícios. Pelo contrário, vai até proporcionar um aumento da atividade industrial brasileira?.
