Reitores discutem cotas raciais nas universidades públicas

Brasília – Passados dois anos da implantação do Sistema de Cotas para Negros na Universidade de Brasília, a UnB promove, hoje e amanhã (21 e 22), o seminário Experiências de Políticas Afirmativas para Inclusão Racial no Ensino Superior. No encontro, reitores das 22 universidades públicas que já implantaram o processo vão trocar experiências sobre o que deu certo, como funciona o projeto de cotas em cada universidade e o que precisa ser melhorado.

?Eu espero conhecer as experiências das outras instituições, compartilhar informações, dados, questões técnicas, questões políticas e realmente um debate que enriqueça a experiência de cada instituição e que mostre para a sociedade o que já fez, o que já alcançou, quais são as questões que se colocam hoje para movimentos como esse?, disse o reitor da UnB,  Timothy Mulholland. 

 Segundo Timothy, a adoção de cotas na UnB baseou-se em três pilares: a existência comprovada da discriminação racial no Brasil, a eficácia das ações afirmativas e o papel da universidade pública. ?A universidade é uma instituição que tem entre suas finalidades o dever de promover mudanças e de auxiliar o estabelecimento de igualdade no país?, afirmou.

De acordo com o reitor, há dois anos, a UnB tinha apenas 2% de estudantes negros, quando estimativas afirmam que a população de Brasília tem cerca de 40% de negros. Atualmente, segundo Timothy, a universidade conta com cerca de 1.200 alunos que ingressaram pelo sistema de cotas para negros.

Um dos cotistas é a estudante de pedagogia Patielle Santos, de 20 anos. ?Eu percebo que quem entrou por cotas, eu vejo, no meu ponto de vista, que tem apoio. Em termos de notas, acho que eles estão iguais e até melhores. Quem passa por cotas às vezes tem uma certa dificuldade para ingressar, então tem uma certa força a mais para investir no estudo?, ressaltou a futura pedagoga.

 ?O sistema está funcionando bem, os estudantes estão aqui, estão se saindo tão bem quanto os seus colegas tradicionais, do sistema chamado universal, e nós sabemos que a formatura desses alunos significará o acesso a um dos grandes instrumentos de poder e de conquista na nossa sociedade que é o nível universitário?, concluiu Timothy.

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