Considerada uma das estradas mais perigosas do País, a rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba, não aparece na lista dos piores trechos no levantamento anual feito pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT). A Régis foi avaliada na pesquisa de 2004 sobre a situação das estradas como uma rodovia deficiente, em uma escala que vai do péssimo ao ótimo.
As piores rodovias, na avaliação da pesquisa da CNT, divulgada em outubro, são as que ligam Lorena, em São Paulo, a Poços de Caldas, em Minas Gerais; Fortaleza, no Ceará, a Picos, no Piauí; e Curvelo, em Minas Gerais, a Ibotirama, na Bahia. Em quarto e quinto lugares aparecem os trechos que fazem a ligação de Teresina, no Piauí, a Barreiras, na Bahia, e Manaus, no Amazonas, a Pacaraíma, em Roraima. No conjunto, as estradas das regiões Sul e Sudeste apresentam as melhores condições de tráfego e as piores estão no Nordeste.
A mesma pesquisa revelou que 74,7% de um total de 74.681 quilômetros de rodovias estão em estado deficiente, ruim ou péssimo e apenas 25,3% estão em ótimo ou bom estado. A situação das estradas federais em 2004 está ainda pior que em 2003. No ano passado, a CNT fiscalizou 56.798km, e encontrou 74% dos trechos com problemas e 26% de estradas boas.
Além de buracos na pista, a pesquisa detectou que 65,3% dos trechos, cerca de 48 mil quilômetros, têm sinalização inadequada. Já em 27,7 mil quilômetros não existe acostamento e em 40,3% da extensão avaliada, mais de 30 mil quilômetros, não havia sinalização sobre o limite máximo de velocidade.
As estradas privatizadas lideram a lista das melhores do País, mas estão restritas a apenas alguns trechos da malha viária nacional. A Régis Bittencourt está entre os oito trechos de rodovias federais que deverão ser concedidas para a administração privada em leilão previsto para junho de 2005.
A falta de dinheiro é a principal razão para o mau estado de conservação das rodovias, na avaliação feita pelo presidente da CNT, Clésio Andrade, por ocasião da divulgação da pesquisa. Na época, ele alertou para o fato de que nos últimos anos o orçamento do Ministério dos Transportes para as estradas, além dos valores baixos, não foi executado integralmente e a grande parte dos recursos foi usada para pagar dívidas atrasadas com as empreiteiras.
A CNT estima que entre 18 mil e 20 mil quilômetros de estradas federais terão de ser reconstruídas, pois estão com a base comprometida e não seguram mais os remendos emergenciais. Na opinião de Andrade serão necessários, no próximos cinco anos, investimentos públicos de R$ 50 bilhões nas rodovias, portos, ferrovias e hidrovias. Ele avaliou que as Parcerias Público-Privadas (PPPs) podem ser usadas em apenas 3 mil quilômetros de rodovias. O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, já prometeu que 25% da malha viária estará recuperada até abril de 2005.