Regionalmente, índice de suicídio se compara aos maiores do mundo

Brasília – Embora a média de mortalidade por suicídio no Brasil esteja longe da de países como Japão, que figura entre as maiores taxas mundiais, alguns estados e capitais brasileiros apresentam índices comparáveis aos desses lugares.

Em 2004, a média nacional era de 4,5 mortes por 100 mil habitantes, de acordo com um estudo feito pelo Ministério da Saúde, em parceria com universidades públicas e privadas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no Japão, a média é de 25 mortes por 100 mil habitantes, enquanto que em países como Espanha, Itália, Irlanda, Egito e Holanda, é de menos de dez mortes a cada 100 mil habitantes.

?Quando comparamos a média brasileira à de outros países, pode parecer que não há problema?, diz o coordenador do Núcleo de Intervenção em Crise e de Prevenção do Suicídio da Universidade de Brasília (UnB), Marcelo Tavares ?Por localidades, no entanto, existem muitas diferenças, e há lugares em que as taxas são comparadas à gravidade de outros países?.

Caso, por exemplo, do Rio Grande do Sul. O levantamento mostra que, em 2004, o estado apresentava a maior mortalidade masculina por suicídio do país: 16,6 mortes a cada 100 mil homens. Em último lugar vinha o Maranhão, com 2,3 mortes a cada 100 mil homens.

Em relação às mulheres, Mato Grosso do Sul ocupava o primeiro lugar, com taxa de 4,2 mortes a cada 100 mil mulheres. Em último lugar estava o Rio Grande do Norte, com mortalidade de 0,6 a cada 100 mil mulheres.

?Não há uma explicação conclusiva para essas taxas, porque o suicídio é um fenômeno que não depende de uma única causa?, diz a diretora adjunta da faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Blanca Guevara Werlang?. ?Ou seja, há uma combinação de fatores (biológicos, psicológicos, psiquiátricos, sociais, econômicos e ambientais) que podem levar a pessoa a tirar a própria vida?.

O psiquiatra Carlos Felipe Almeida, coordenador das Diretrizes Nacionais de Prevenção do Suicídio, do Ministério da Saúde, pondera que também existem diferenças entre regiões, faixa etária, gênero e até etnias. "Há lugares que têm mais fatores de risco ao suicídio, como o uso abusivo de álcool e drogas. Em contrapartida, há outros que têm mais fatores de proteção, como qualidade de vida", pondera.

Em relação aos indígenas, por exemplo, Almeida diz que em todas as etnias as taxas são altas, o que eleva os índices nos locais onde vivem essas populações. ?A taxa em Dourados, no Mato Grosso do Sul, é elevada por causa da mortalidade entre os Guarani-Kaiowá?.

Segundo ele, o mesmo acontece, por exemplo, em Macapá, que, em 2004, liderava o ranking de mortalidade por suicídio masculino entre as capitais: 13,6 mortes a cada 100 mil homens. "Como no Amapá cerca de 70% da população vive na capital, é natural que lá o índice seja maior que entre outras cidades do estado. Se fizermos uma intervenção ali, é provável que esse índice diminua".

Alemida cita outro exemplo: no Brasil, a mortalidade por suicídio na população idosa tem mantido patamares elevados ao longo dos anos, mas há um aumento nas populações mais jovens.

?Esse é um fenômeno mundial, que não está acontecendo apenas aqui?, diz a psicóloga da PUC-RS. ?No país, o que tem aumentado são as taxas que envolvem as faixas etárias entre 15 e 29 anos, o que é preocupante, porque essas pessoas são o futuro da Nação?.

Almeida salienta que os indicadores não podem ser analisados de forma separada. ?Tudo isso tem que ser levado em consideração para que se possa organizar políticas de intervenção e prevenção ao suicídio".

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