O exemplo de eficiência do monitoramento das lavouras, preconizado pelo Consórcio Nacional Antiferrugem, é a região de Cornélio Procópio, segundo avaliação do extensionista Noel Justo de Oliveira, da Emater. Com 415 sojicultores cultivando 25.500 hectares nesta safra 2004/2005, o município foi mapeado por 156 amostras, coletadas no campo pelos produtores e técnicos a partir do período de florescimento até o final do mês de fevereiro, confirmando 47 focos da doença.
"Esse volume de amostras do município é bem significativo porque permitiu um bom acompanhamento agronômico da ferrugem asiática", afirmou Noel. Segundo ele, o resultado foi positivo já que não ocorreu desperdício de agrotóxico, dando a média de uma aplicação até agora. "A estiagem que assola a região desde fins de janeiro contribuiu em manter essa média de pulverização contra a doença".
Uma das principais estratégias contra o fungo Phakopsora pachyrhizi nesta safra foi a instalação do Laboratório de Diagnóstico ? SOS Soja, ocorrida em 15 de dezembro de 2004. A iniciativa contou com a parceria do SindiRural, Bayer Crop Science, e Governo do Paraná, por meio da Emater. Participaram também a Corol, Integrada, Associação dos Agrônomos, 10 empresas de planejamento agrícola e revendas de insumos, além da ação direta de 53 profissionais do governo estadual e iniciativa privada.
Todos trabalharam juntos na coleta de folhas com suspeita de contaminação da doença, colocadas em sacos plásticos apropriados e encaminhadas ao laboratório instalado no próprio sindicato rural. O estudante Fernando Basso da Faculdade de Agronomia Luiz Meneghel, capacitado pela Embrapa-Soja, em Londrina, fez plantão durante o recesso escolar, manipulando o microscópio da Emater para analisar o material entregue diariamente.
Fazendo parte do contingente de sojicultores até então aterrorizados pelo ataque eminente da ferrugem asiática no início da safra o procopense Ricardo Luís Graciola, do Sítio Santa Emília, de 12,1 hectares de soja no Bairro Jerusalém e com mais 72,6 hectares de área arrendada na Fazenda Padre Victor, em Nova Fátima, se viu na situação de plantar soja e enfrentar a propagada terrível doença.
Orientado pela Emater monitorou a ferrugem asiática na safra passada e ao constatá-la nas duas lavouras pulverizou uma vez. Nesta safra, plantou variedade precoce, semi-precoce e tardia e pelo monitoramento necessitou fazer uma aplicação de fungicida em toda a área do sítio no final de janeiro e em apenas um terço da área arrendada. "Quando chegou a estiagem, parei as aplicações porque o Noel observou que as condições do clima inibiram a evolução da doença", recorda Graciola.