Reforma do ministério

A reforma do ministério sai aos arrastos, mas sai. E se estende a diretorias de estatais e até ao Banco Central, é o que se promete. Sob o ponto de vista político, significa a busca desesperada de um reforço parlamentar para o governo, principalmente com a entrega de uma larga fatia da administração federal ao PMDB, de forma a amainar descontentamentos.

Essa reforma tem a intenção de solucionar a escandalosa crise que sacode o governo, permitindo que a troca de nomes pareça um chega-pra-lá aos corruptos e uma blindagem da administração pública federal, impedindo que se repitam os casos de apropriação de dinheiro público, achaques e manipulação criminosa de resultados de licitações, dentre outras irregularidades e crimes que surgiram. E surgem novos, todos os dias.

O fato é que, até aqui, só Lula parece escapar, um pouco chamuscado, dessa crise. Ninguém, entre os denunciadores e os denunciados, ousou tocar no seu nome, indigitando-o como de alguma forma responsável pelas maracutaias suspeitadas ou mesmo provadas.

O fato, entretanto, é que o presidente, mesmo que se lhe reconheçam boas intenções, moral inatacável e reputação ilibada, tem uma importante parcela de responsabilidade na crise, na medida em que se omitiu por excesso de confiança nos que o rodeiam, ignorância do que estavam fazendo e por não ser suficientemente vigilante, atitude que se exige de um presidente de um país com tão longa história de corrupção como o nosso.

O presidente Lula repete a promessa que os corruptos serão varridos do governo e punidos. A paciência do presidente acabou, mesmo com os ?companheiros?. Assim, se incluídos no rol dos culpados, deverão receber o prometido castigo. Verdade que da promessa para a ação há uma enorme distância. É esperar para ver.

Se a intenção da reforma do ministério é reforçar as bases de apoio ao governo e isso será feito com a adesão da maioria do PMDB, pois parte do partido continua renitente, o reforço será duvidoso. Embora possa servir para que a nova maioria parlamentar costurada aprove algumas propostas do Executivo, é certo que será uma aliança que não ultrapassará o período da eleição (ou reeleição) para a Presidência da República. Amadureceu no PMDB, agora que não tem todos os governadores como no passado, mas um número bastante expressivo, a idéia de voltar a disputar a Presidência. E, aí, seria em oposição a Lula, que quer a reeleição. Esta reforma permitiria a colheita de uma maioria parlamentar com hora marcada para morrer.

Entretanto, se a idéia é reforma ministerial para acabar ou pelo menos diminuir a corrupção e jogar um balde d?água na efervescente crise que queima o governo, isso não será conseguido. A escolha de nomes não está sendo feita com a exigência de moral ilibada e abalizados conhecimentos. Nada garante que com o novo ministério os escândalos não continuem. O mesmo filme, mesmo que com outros atores..

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