Rio – Apesar de garantir a auto-suficência na produção de petróleo ainda neste trimestre, a Petrobras não tem entre suas metas a auto-suficiência no refino e produção de combustíveis. A afirmação foi feita hoje (31) pelo gerente-executivo de Abastecimento e Refino, Alan Kardec, que explicou que o ideal é que outras empresas também invistam no setor. "A auto-suficiência em refino não é um objetivo da empresa. Podemos ser induzidos a isso, mas não a perseguimos", afirmou Kardec, após palestra para executivos no Rio
A área de refino da Petrobras tem um orçamento de US$ 1 6 bilhão por ano até 2010, mas a maior parte dos recursos será destinada à melhoria da qualidade dos produtos, ampliação de refinarias existentes e melhor aproveitamento do petróleo nacional. No planejamento estratégico, há apenas dois projetos de novas refinarias: uma em Pernambuco, com capacidade para 200 mil barris por dia; e outra no Rio, voltada para o setor petroquímico. Nenhuma das duas, porém, fica pronta antes de 2010
A Petrobras hoje refina 1,728 milhão de barris por dia para um consumo diário acima de 1,8 milhão de barris. Em 2010, segundo o planejamento estratégico da empresa, este déficit será de 24 mil barris por dia. "Podemos ser auto-suficientes se o mercado exigir e se não houver outros atores", comentou o executivo. Até hoje, apenas a espanhola Repsol e a venezuelana PDVSA se comprometeram com investimentos em refino no País. As duas, porém, em parceria com a estatal – a primeira é sócia na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, e a segunda, na refinaria de Pernambuco
É consenso no mercado que empresas privadas só vão se aventurar no mercado brasileiro de refino quando tiverem certeza de que os preços internos acompanharão de perto o mercado internacional. No ano passado, as duas únicas refinarias privadas brasileiras chegaram a suspender suas atividades porque não conseguiram repassar a alta de custos para seus consumidores
A Petrobras, enquanto isso, está mais interessada em fincar pés nos Estados Unidos. A companhia negocia com a americana Astra a compra de parte de uma refinaria no Texas, onde pretende processar cerca de 65 mil barris por dia de petróleo brasileiro. O acordo ainda está em negociação, disse Kardec, informando que a Petrobras quer ter o controle da unidade, mas a Astra está disposta a ceder, no máximo, 50% do negócio. "A refinaria é interessante porque nos faz avançar uma etapa na cadeia produtiva e nos deixa mais perto do mercado americano", afirmou. Hoje, a Petrobras exporta óleo cru para os Estados Unidos
Diesel
Kardec informou que, a partir de março, todas as regiões metropolitanas brasileiras passam a receber o diesel 500, que é menos poluente que o diesel tradicional e hoje só é vendido nas regiões metropolitanas do Rio, São Paulo e Belo Horizonte. Esse dieseltem 500 partes por milhão (ppm) de enxofre bem menos do que as 2 mil ppm do produto tradicional. O executivo não quis avaliar se haverá impacto nos preços, apesar de reconhecer que o custo de produção do combustível é mais alto. No ano passado, o início das vendas do diesel 500 nas três regiões metropolitanas provocou um aumento de R$ 0,05 por litro
Dentre as medidas para melhoria da qualidade dos combustíveis, que receberão US$ 3,2 bilhões até 2010, a Petrobras prepara o desenvolvimento do diesel 50, com 50 ppm de enxofre. O produto deve chegar ao mercado em 2009, acompanhando uma série de evoluções nos motores automotivos em desenvolvimento pelas montadoras.