Em meio às marchas e contramarchas dos principais partidos em luta aberta pelo ansiado direito de ocupar a Presidência da República, mesmo que nenhum tenha definido oficialmente qual será o candidato (o prazo é junho), vão surgindo aqui e ali múltiplas evidências produzidas pela efervescência do clima pré-eleitoral.
Uma que merece o acato da população é a tramitação no Congresso de proposta de emenda constitucional (PEC) ensejando a eliminação do instituto da reeleição aprovado a toque de caixa no primeiro mandato de FHC. Ao que se presume, com o respaldo de não poucos milhões pagos diretamente a parlamentares ou auferidos, a posteriori, sob a benesse da concessão de emissoras de rádio ou televisão.
O presidente do Senado Federal, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), asseverou ser quase certa a aprovação da PEC contra a reeleição, embora sua validade somente passe a vigorar na eleição de 2010. Poucos minutos depois, isso ocorreu na quarta-feira, Renan foi desmentido pelo presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), para quem a prioridade do Legislativo em 2006 é outra.
Renan é defensor da aliança imediata do PMDB com o PT para apoiar a candidatura de Luiz Inácio em troca da vice-presidência, de preferência ocupada pelo ministro Nelson Jobim.
A reeleição foi um casuísmo introduzido na Constituição Federal por vaidade pessoal do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que dispunha de bancadas majoritárias em ambas as Casas do Congresso. Mesmo assim não se fez questão de evitar o rolo compressor da compra de votos.
O presidente Luiz Inácio é adversário declarado da reeleição, mas não tomou nenhuma providência no início do mandato a fim de excluí-la da lei maior. Nesse sentido seu discurso acabou sendo contaminado pela estranha ambigüidade de nada fazer para acabar com a medida extemporânea.
