A redução no número de estacionamentos em ruas que registram grande volume de tráfego, como a avenida Visconde de Guarapuava, é uma medida inevitável e necessária, na opinião de especialistas de trânsito de Curitiba. "Nas ruas onde não é possível alargar as pistas, como é o caso da Visconde de Guarapuava, retirar as faixas de estacionamento é a saída mais adequada", afirma o urbanista Eloy Kokkany, especialista que atua como consultor de trânsito em municípios de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Segundo Kokkany, a medida pode parecer drástica a princípio, mas os benefícios são incontestáveis. "Liberar as faixas de estacionamento para circulação de veículos é a providência mais indicada", diz ele. "A remoção de estacionamentos em ruas centrais que enfrentam sobrecarga de trânsito é uma necessidade de toda grande cidade, porque a demanda de circulação é muito maior que a de estacionamento." Kokkany faz um cálculo simples para explicar a relação: cada uma das 361 vagas de EstaR que existem na Visconde de Guarapuava é usada por 10 carros no máximo, por dia. Na melhor das hipóteses, portanto, apenas 3,6 mil carros estacionam na avenida ao longo do dia. Esse é o número de veículos que passam por hora em apenas um dos cruzamentos da avenida – o da Visconde de Guarapuava com a rua Barão do Rio Branco, por exemplo. Ou seja: esse espaço será muito melhor aproveitado para dar maior fluidez no trânsito, em vez de ser usado para estacionamento. "A cidade toda vai deixar de perder tempo", diz Kokkany. "Os clientes do comércio local terão de estacionar em vias transversais, é verdade, mas, como está hoje, dificilmente é possível encontrar uma vaga bem em frente à loja desejada."
Saturação
O engenheiro Joel Krüger, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), especialista nas áreas de trânsito e transporte, concorda com essa análise. "Do ponto de vista de engenharia de tráfego, a primeira solução para uma via congestionada é aumentar o número de faixas para circulação", diz ele. Na opinião, de Krüger, no caso da Visconde de Guarapuava, onde já não há mais espaço lateral para alargar a rua, a alternativa é eliminar os estacionamentos onde eles ainda restavam.
Krüger afirma que o problema de saturação que hoje afeta a Visconde de Guarapuava já foi enfrentado em outras ruas da cidade. "Tirar o estacionamento não é novidade; já aconteceu na Brigadeiro Franco, na Desembargador Motta, e na Marechal Floriano Peixoto, para citar alguns casos. É uma medida usual de engenharia de tráfego", lembra ele.
Além da remoção do estacionamento, outras medidas são praticamente inviáveis na opinião do especialista: "A idéia de retirar o canteiro central tem dois grandes problemas: o custo e o transtorno de enterrar toda a rede elétrica que passa no local, e o desnível de difícil correção entre a altura das duas pistas da Visconde de Guarapuava, principalmente adiante do cruzamento com a Brigadeiro Franco."