Rio – Até o início do próximo ano, a rede pública de bancos de sangue de cordão umbilical(Brasilcord) ganhará novas unidades com a entrada em funcionamento dos bancos dos Hemocentros de Ribeirão Preto e de Campinas (SP). Atualmente, a rede é composta pelos bancos de sangue de cordão do Instituto Nacional de Câncer (Inca), considerado o pólo de referência do sistema, e do Hospital Albert Einstein, de São Paulo.
A informação foi dada pelo chefe do Centro de Transplante de Medula Óssea do Inca, Luiz Fernando Bouzas. Ele avalia que a ampliação do número de bancos públicos de sangue de cordão umbilical no Brasil pode reduzir a dependência do país na importação deste material. Segundo o especialista, atualmente a dependência brasileira é ainda de 90% da busca no exterior.
"Cada vez mais, o sangue do cordão umbilical vem sendo utilizado como fonte de células tronco para o transplante de medula óssea", disse Bouzas. Para ele, quando a pessoa não tem um doador na família, ela fica na dependência de encontrar um doador nos registros de doadores voluntários, que são os adultos que podem doar, ou nos bancos de sangue de cordão umbilical.
No Brasil, mais da metade do sangue utilizado para esse tipo de transplante, ou seja, que não é de um doador familiar, é sangue umbilical. "A maioria desse material ainda vem do exterior. Se nós fortalecermos a rede de bancos públicos no Brasil, criando uma estrutura para que a gente tenha uma quantidade bastante significativa de unidades coletadas e armazenadas aqui no país, nós vamos diminuir a necessidade de ir buscar esse material lá fora", explicou.
O valor de uma unidade importada de célula tronco alcança hoje cerca de US$ 30 mil, cerca de R$ 70 mil. No Brasil, em contrapartida, o custo de uma unidade a ser congelada é de US$ 1,5 mil ? aproximadamente R$ 3,5 mil. "Ou seja, existe uma diferença significativa entre buscar lá fora e armazenar aqui".
Bouzas salientou que 10% dos sangues de cordão umbilical transplantados no Brasil já foram fornecidos pelo banco do Inca, desde setembro de 2004. "Esse é um fato importante. Se os outros bancos entrarem em funcionamento, a gente tem certeza de que o Brasil vai economizar na busca internacional e vai passar a ter uma agilidade e obter doadores aqui dentro do próprio país".
Além dos dois bancos paulistas, estão em fase de análise no Ministério da Saúde projetos referentes aos bancos de sangue de cordão do Hospital de Clínicas da Universidade de Porto Alegre, da Universidade Federal do Paraná e dos Hemocentros do Pará, de Pernambuco e de Minas Gerais. "São projetos que estão tramitando para obter recursos e se incorporar à rede", esclareceu.
Segundo o especialista do Inca, cada banco a ser criado, envolvendo etapas desde o planejamento completo (obras e equipamentos) até o funcionamento pleno, representa um custo médio de R$ 1,5 milhão. Bouzas explicou que, no banco da Universidade Federal do Paraná, já existe estrutura e é necessária apenas uma adequação das instalações. "Neste caso, não demanda tanto recurso", afirmou.
