São Paulo (AE) – Os diretores dos Departamentos de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) elevaram o tom de pessimismo após a divulgação do Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria paulista em setembro, que teve queda de 2%, sem ajuste sazonal, ante agosto. "A avaliação do comportamento da indústria para o ano já está dada. Não posso imaginar nenhuma movimentação mais séria no nível de atividade no período de outubro a dezembro e, portanto, a tendência é de queda da atividade da indústria paulista em 2005", opinou o diretor titular de Economia do Ciesp, Boris Tabacof.
Ele admitiu, entretanto, que, como o INA acumulado no período de janeiro a setembro de 2005 está 2,6% acima do mesmo período do ano passado, há possibilidade de o indicador fechar o ano em torno de 3%. Já o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp, Paulo Francini, estimou o fechamento do INA em torno de 4%, considerado um índice ruim por ele. Isso porque, de acordo com Francini, existe expectativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre do ano fique em zero, na comparação com o segundo trimestre.
Neste caso, comparativamente ao mesmo período do ano passado, o PIB do terceiro trimestre atingiria 3,15%, exigindo um crescimento da economia da ordem de 0,35% no último trimestre de 2005, algo difícil de ser atingido, na visão do diretor da Fiesp. "O crescimento do PIB no ano está mais para 3% do que para os 3,5% (estimados pelo governo). Se fosse dar um chute, diria que o valor seria de 3,2%, contrastando com as visões mais otimistas de que o PIB chegará a 4%", argumentou. "Nesse caso, a expectativa é de que a atividade industrial, talvez, fique em 4% mas não chegue a 5%", acrescentou, para ratificar sua insatisfação.
No conjunto de críticas para o que consideram provocar a baixa atividade industrial, os representantes da indústria paulista apontam as taxas de juros, a carga tributária e a valorização do real ante o dólar. "O câmbio e o juro real são venenos aplicados à produção mês a mês e, em algum momento, se perceberia esse envenenamento. O efeito desses venenos se mostram agora no INA", acusou Francini.
Para ele, os cortes promovidos na Selic pelo Banco Central de forma gradativa são insuficientes para reativar a economia este ano. "O antídoto está na mão do Banco Central e está sendo usado com rigor total de economia", observou o diretor da Fiesp, ao enfatizar a necessidade de haver "aceleração do processo de corte dos juros".
Por sua vez, Tabacof, do Ciesp, acrescentou que a valorização do câmbio prejudica as exportações, não mais apenas de setores que reconhecidamente estão perdendo espaço nas exportações, caso de calçados e têxteis, mas também se expande agora para o setor de celulose, no segmento de cadernos e papelão ondulado.
