Recessão na indústriaO Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acusou recessão na indústria brasileira. O instituto concluiu que a produção industrial desacelerou em dez das doze áreas pesquisadas, durante o segundo trimestre deste ano, em comparação com os primeiros seis meses. Daquelas áreas, sete apresentaram retração e três, crescimento. No mês de junho, em relação a junho do ano passado, o desempenho regional mostrou queda em oito das doze regiões pesquisadas. A indústria fechou o semestre em recessão. Foram dois trimestres de retração consecutivos. Do primeiro para o segundo, a produção diminuiu 1% e do quarto trimestre do ano passado, para o primeiro deste ano, a queda foi de 2,6%. Exceções foram a Bahia e o Nordeste, onde a indústria tem pequena expressão.

Outro indicador divulgado, e que preocupa, é que as vendas do comércio despencaram em junho e fecharam o primeiro semestre com queda de 5,57%. Junho registrou a sétima queda consecutiva de vendas no varejo. Foi de 5,37%. Olhando o lado do consumidor, vê-se que aí também as coisas vão mal. O Serasa mostrou que o volume de cheques devolvidos por falta de fundos voltou a bater recorde em julho. Foram devolvidos 16,8 cheques a cada mil compensados. O segundo maior índice de calotes desde 1991. Escapam desse processo recessivo a agricultura e as exportações, aquela usando cada vez menos mão-de-obra em razão de sua mecanização, e esta, da modernização. Conclui-se, tristemente, que crescimento mesmo só o temos do desemprego.

O governo vinha anunciando grandes programas para a solução de pequenos, porém multiplicados problemas. Agora, parte para um programa de construção de grandes obras de infra-estrutura, acreditando poder fazer alguma coisa ainda este ano, como consertos em estradas, e o resto a partir do ano que vem, quando entra em vigor o plano plurianual de investimentos. São grandes obras que vão de duplicações de rodovias, construção de ferrovias e trechos de hidrovias, até obras no setor hidrelétrico e nos portos. É absolutamente correto colocar a infra-estrutura do País em primeiro lugar, para que se habilite ao crescimento econômico, com a atração de capitais extensivos. A administração federal quer atrair a participação da iniciativa privada e dos fundos de investimentos. Duvidam os especialistas, pois o capital privado e os fundos de investimentos buscam segurança e rentabilidade. Esta, com preferência a curto prazo. Não fazem benemerência.

Quando nos Estados Unidos, por exemplo, construíram-se as grandes ferrovias, usinas e outras obras de infra-estrutura, a iniciativa privada estava presente e o governo, quase sempre, não. Não havia inibição para a procura do lucro e existiam poupanças volumosas nas mãos de pessoas e grupos particulares. Aqui, por cultura ou preconceito, o Estado sempre competiu com a iniciativa privada e abominou o acúmulo de riquezas em suas mãos. Essas riquezas sempre minguaram à custa da imposição de impostos multiplicados e crescentes.

Isso torna a empreitada de uma associação agora do governo com os investidores privados e fundos de pensão uma tarefa muito difícil, tanto mais levando-se em conta o volume de dinheiro necessário para as obras de infra-estrutura pretendidas e o longo prazo de amadurecimento desses investimentos. Tudo indica que o melhor caminho é o governo fazer sozinho ou abrir mão de sua sanha tributária, para que sobrem nas mãos da sociedade os recursos para as obras de infra-estrutura.

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