Receita Federal realiza devassa na contabilidade de partidos

A Receita Federal realiza uma devassa na contabilidade de partidos, não apenas do PT, afirmou hoje o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, durante o terceiro encontro da Estratégia Nacional de Combate à Lavagem de Dinheiro (Encla), em Vitória. "Não vou manchar minha biografia, ninguém será deixado de lado", declarou. "Não são todos, mas são muitos partidos."

Há dois meses, Souza acionou a Receita, pedindo uma auditoria contábil das legendas. A medida ocorreu após a apuração de indícios de incompatibilidade entre a contabilidade e a movimentação financeira das siglas. Ele argumentou que a investigação é "complexa" e envolve não apenas transferências de dinheiro de caixa dois.

No mesmo encontro, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, defendeu a adoção de um sistema de acompanhamento financeiro de "pessoas politicamente expostas", a partir de regras determinadas pelo Banco Central (BC). "É uma ação preventiva como outros países do mundo já fazem. Trata-se de mais vigilância a pessoas politicamente expostas. Isso pode ser uma vacina contra a corrupção. Para essas pessoas, é mais fácil praticar esse tipo de crime; por isso, é justo que elas recebam uma luz mais intensa", disse. "O combate à lavagem de dinheiro é o combate ao crime organizado. A cultura da lavagem de dinheiro vai desde grandes negociações até a negativa de emissão de notas fiscais em restaurantes."

Até domingo (11), estarão reunidos na capital capixaba representantes de cerca de 30 órgãos do governo e do Judiciário para discutir formas de prevenção e desarticulação de crimes de lavagem de dinheiro. "Estamos trabalhando de forma articulada e estratégica e já temos resultados importantes, como o anteprojeto de lavagem de dinheiro e o bloqueio de US$ 300 milhões em paraísos fiscais", declarou a secretária nacional de Justiça, Cláudia Chagas.

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