O presidente do PL e ex-deputado Valdemar Costa Neto, revelou, nesta terça-feira, à CPI do Mensalão que o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), promoveu durante o recesso de julho passado três reuniões com deputados do PTB para pedir a Costa Neto que retirasse o processo de quebra de decoro parlamentar contra o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
O ex-deputado entrou com o processo contra Jefferson no dia 7 de junho, um dia depois de o então presidente do PTB denunciar o esquema do mensalão, em entrevista à Folha de São Paulo. Segundo relato de Costa Neto, na reunião com o presidente da Câmara ele disse que não iria retirar o processo e que, pelo contrário, a Câmara deveria acelerar a tramitação.
"Não retiro o processo de jeito nenhum. Roberto Jefferson vai ficar oito anos sem mandato e banido da vida pública", teria dito Costa Neto, segundo seu próprio relato. "Ele (Roberto Jefferson) não vai ficar descansando em Cabo Frio, vai pagar pelos seus crimes", acrescentou.
O presidente do PL, disse que Roberto Jefferson o ameaçou, dizendo que ia expor a sua vida pública e particular e comprometer outros dirigentes do próprio PTB. Costa Neto contou também à CPI que a renúncia do seu mandato o libertou das ameaças de Roberto Jefferson. O ex-deputado iniciou sua exposição afirmando que na eleição de 2002 recebeu "involuntariamente" dinheiro do PT.
Ele contou ainda que no mesmo dia em que entrou com representação contra Jefferson, por volta da meia-noite recebeu uma ligação do líder do PL, Sandro Mabel (GO), que disse ter sido procurado por um emissário de Roberto Jefferson, que se comprometia a retirar a acusação contra o PL de que o partido teria recebido o mensalão, em troca da retirada, também, por Costa Neto, do processo de cassação de Jefferson.
O presidente do PL disse que ponderou com Mabel que não daria para tirar o processo porque um documento de Roberto Jefferson retirando a denúncia não teria validade. "Que validade tem um documento hoje do Roberto Jefferson? Nenhuma! Volte e diga para ele (o emissário) que não vamos retirar o processo."
A partir daí, segundo o ex-deputado, ele começou o "inferno". Costa Neto disse também à CPI que se ele deixasse a presidência do PL seria o mesmo que admitir a culpa. "Uma culpa que não tivemos e vou provar isto aqui", afirmou. Costa Neto disse que qualquer coisa que fizesse ficaria parecendo que estaria apenas defendendo o seu mandato. E explicou também que renunciou para não sofrer mais chantagens de Roberto Jefferson.
