Cansado de ouvir cobranças quanto às baixas taxas de crescimento da economia, o presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PC do B – SP), vai reunir um grupo de especialistas para discutir a lógica do Comitê de Política Monetária (Copom). Ele acredita que é preciso avaliar, por exemplo, se é o caso de manter a composição do colegiado (formado pelo presidente e pelos diretores do BC). E também discutir por que o Copom trabalha exclusivamente para cumprir uma meta de inflação e não, por exemplo, uma meta de crescimento
Essa discussão ocorrerá num seminário previsto para os dias 15 e 16, para o qual nenhum integrante do governo foi convidado. "É um evento para debater abertamente, e não um local onde o governo tenha de vir defender suas políticas", disse. Rebelo afirmou que não se trata de um seminário destinado exclusivamente a criticar o Copom. O centro, explicou, é o crescimento econômico. Por isso, estão programados debates também sobre investimentos estrangeiros e infra-estrutura. Ainda está previsto um painel para discutir a criação de uma "liderança política para o crescimento".
No entanto, Rebelo admite que juro e câmbio são apontados, de forma quase unânime por seus interlocutores na sociedade civil, como os maiores empecilhos ao crescimento econômico. Ele não tem propostas específicas, mas acha que esses temas precisam ser debatidos para não desaparecerem em meio à disputa eleitoral.
Um dos participantes do seminário, o vice-presidente da Nossa Caixa e professor da Universidade de São Paulo (USP) Joaquim Elói Cirne de Toledo, acredita que a discussão sobre a composição do Copom não levará a nada. "Só vai gerar turbulências e desculpas para que as coisas continuem acontecendo como estão."
Na contramão dos analistas e economistas, ele não acha que o BC tem usado mão pesada na fixação da taxa de juros. "Pelo contrário, acho que eles estão soltando os juros até excessivamente cedo, se efetivamente quisessem atingir o objetivo de inflação que todos acham que eles perseguem."
Na avaliação de Toledo, o problema não é excesso de rigor do BC. A questão é a política fiscal expansiva que incentiva o consumo. "O Brasil não adota uma política fiscal que viabilize os juros baixos."