Rebelião em Jundiaí deixa sete presos mortos

Foi preciso chamar a Tropa de Choque da Polícia Militar para que os presos da Cadeia Pública de Jundiaí (SP) soltassem os reféns e entregassem as armas. Terminava assim o motim que destruiu o prédio e deixou sete presos mortos e cinco feridos – dois reféns e três detentos.

Policiais saídos de São Paulo chegaram às 10 horas em frente da cadeia. Mães e mulheres dos prisioneiros avisaram por telefone os detentos dos preparativos para a invasão. Algumas se desesperaram e outras se ajoelharam diante dos PMs.

Em minutos, os reféns foram soltos. "Quando o diálogo falha, é preciso da força para se restabelecer a autoridade", disse o delegado Joaquim Dias Alves, da Seccional de Jundiaí.

Foram 21 horas de revolta, iniciada às 14h30 de anteontem. Segundo a polícia, os presos morreram asfixiados pela fumaça da queima dos colchões. "Esses sete estavam no seguro e, provavelmente, ficaram com medo de saírem da cela e serem mortos", contou o delegado Sidney Juarez Alonso. A cela do seguro tem cerca de 16 metros quadrados e uma saída para a galeria que circunda a cadeia. Nela havia 29 homens.

A rebelião começou quando os presos dominaram um carcereiro. Estavam armados com duas pistolas calibre 6,35 mm. Depois, apanharam mais dois carcereiros e duas investigadoras. O objetivo era fugir pela porta da frente, mas houve tiroteio com policiais. Os presos voltaram às celas, atearam fogo em colchões quebraram grades da cadeia e todas as paredes que dividiam as celas.

Dos cinco reféns, só os homens – dois carcereiros – ficaram até o último minuto com os presos. As três mulheres foram soltas durante as negociações. Os amotinados cavaram um túnel e só não fugiram porque a saída do buraco dava no pátio de uma delegacia nos fundos da cadeia.

Pelo telefone, um detento identificado como João disse que o motivo do motim era a superlotação. "O que a gente quer é que os presos condenados não fiquem aqui." A cadeia, de 120 vagas, tinha 484 presos, dos quais 202 já condenados. A Secretaria da Segurança mandou transferir cem desses detentos.

Metade do prédio foi interditada para reforma. "A situação é caótica", disse o deputado Ítalo Cardoso (PT), da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativo. Adolescentes estão misturados a adultos, pois a cela separada em que ficavam 19 jovens foi destruída.

A Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem) aguarda uma ordem judicial para receber os adolescentes detidos em Jundiaí. A Secretaria da Segurança afirmou que vai investigar em inquérito as mortes e como as armas entraram na prisão. Para fechar a cadeia, o governo está construindo um Centro de Detenção Provisória, mas a obra foi embargada pela Justiça por razões ambientais.

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