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A candidatura independente do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) à presidência da Câmara dos Deputados foi lançada ontem em Brasília e uma coalizão proclama contar com quase trezentos deputados. O clima de tensão chegou a tal ponto que o deputado mineiro declara só desistir da candidatura se morrer.

Pondo de lado o mau agouro e a descabelada afirmação do parlamentar, como se a eleição fosse um duelo, a renitente posição da qual não quer arredar é a crise de autoridade mais aguda que o PT enfrenta desde a expulsão da senadora Heloísa Helena e dos deputados Babá e Luciana Genro. A rebeldia calculada de Virgílio Guimarães deverá estar estribada em motivos fortes o suficiente para fazê-lo fincar pé na atitude de desrespeito a uma decisão partidária.

O enfrentamento das duas facções petistas em torno da presidência da Câmara abriu espaço de manobra para grande número de deputados não alinhados, passando a ser a candidatura avulsa de Virgílio a bandeira comum dos grupos insatisfeitos com a atual situação. A suposição necessária é que tanto o governo quanto o principal partido da aliança não estão tendo êxito em sua política de comunicação e relacionamento com a Casa.

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Uma das reclamações mais ouvidas quanto ao deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), candidato oficial do PT à presidência da Câmara, é a arrogância dispensada aos colegas, aos quais nem cumprimenta. Se isso não chega a ser defeito irreparável, capaz de abortar uma candidatura, é argumento potencialmente rumoroso nas conversas dos divergentes.

Não se pode descartar, entretanto, a má condução do processo de sucessão na Câmara nem as dificuldades do governo em estabelecer diálogo proveitoso com os congressistas. Se há rebeldia é porque motivos existem para sua força aparente. Afinal, Greenhalgh poderá vir a ser presidente da Câmara, pois o governo não pode perder a parada e por isso deverá enquadrar a força à sua disposição.

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Mesmo ganhando, o governo não terá como dissimular os duros golpes recebidos. Se perder, nem se fala.