Arremetidas bombásticas estão sendo anunciadas no âmbito da CPMI dos Correios, na medida do impacto das evidências do grande esquema de apropriação de dinheiro público denunciado pelo deputado Roberto Jefferson.
O senador paulista Romeu Tuma, conhecido ex-xerife da Polícia Federal, que adorava aparecer na televisão para comemorar os sucessos da corporação, de cambulhada quer a apreensão do Land Rover que Sílvio Pereira ganhou de presente do empresário e a prisão preventiva de Marcos Valério.
No primeiro caso, Tuma argumenta que o veículo ficaria retido por ordem judicial para servir de prova material de um ilícito tão grave quanto o tráfico de influência, se é que coisa mais perniciosa não apareça mais adiante. O senador tem razão, porque poucas pessoas têm a ventura (ou amigos tão pródigos) de receber presente desse quilate.
Já a prisão preventiva de Marcos Valério dar-se-ia em função da mudança brusca de comportamento, ademais da inegável atitude de dificultar o processo de investigação e produção de provas, ao ordenar a queima de documentos contábeis de suas empresas.
Na verdade, a sensação da iminente prisão de Marcos Valério foi verbalizada pelo senador Ney Suassuna ao questionar Renilda Santiago, na CPMI. O senador não escondeu que a prisão pode ocorrer a qualquer momento. Renilda não apenas admitiu, mas afiançou estar rezando para não acontecer.
A realidade nua e crua escavada pela CPMI, nas sessões realizadas até agora, é que as instituições políticas foram seriamente maculadas pela ação de indivíduos sensíveis ao suborno e à venda de votos, tudo levando a crer que o dinheiro malsão foi propiciado por empresas com negócios na esfera pública.
Sobre essa realidade inquietante, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) chegou a afirmar que o Congresso atual teria perdido a legitimidade de formular alternativas para a reparação do grave prejuízo sofrido pelas instituições democráticas. Por sua vez, o senador Jefferson Peres (PDT-AM) propõe pacto semelhante ao adotado no Chile pós-ditadura Pinochet, visando preservar a vida econômica, em paralelo ao tratamento de choque da doença terminal que assola a política.
Na Espanha, esforço semelhante, conhecido como Pacto de Moncloa, galvanizou as forças representativas do país na restauração dos escombros deixados por Franco. A saída para a crise brasileira está no urgentíssimo diálogo produtivo e na disposição de sepultar veleidades pessoais.