O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, admitiu hoje (12) a possibilidade do Brasil tomar medidas mais fortes nas negociações com a Bolívia sobre a nacionalização do gás natural. "Nós agiremos com firmeza, mas também sem precipitação. Não podem esperar que o Brasil aja precipitadamente, mas isso não exclui a firmeza. E ela será mostrada da maneira adequada, nos momentos adequados", afirmou Amorim.
Questionado por repórteres, ele disse que a retirada do embaixador brasileiro de La Paz não é uma alternativa no momento, mas não está descartada. "Nós não vamos retirar o embaixador simplesmente pelo que ainda está sendo discutido. Agora, evidentemente, se nós verificarmos que não há diálogo possível, nós vamos examinar as opções que existem", disse o chanceler, ao final de entrevista em que detalhou a agenda de encontros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém durante a 4ª Cimeira União Européia ? América Latina e Caribe.
"Eu prefiro não ficar discutindo todos os meios que nós vamos usar porque eu acho que isso não é produtivo. Nós demos a nossa reação, de maneira forte", avaliou Amorim. "Não vou ser impulsionado por reações midiáticas. Não quer dizer que não serão reações fortes, eu não estou excluindo que certas coisas possam ocorrer."
Segundo o ministro, ainda há a expectativa de que ocorra em breve um encontro dos presidentes Lula e Morales, e ele, Amorim, "em princípio", tem viagem marcada à Bolívia para a próxima semana.
O chanceler acredita que a situação entre os dois países já evoluiu desde ontem, quando o presidente boliviano Evo Morales afirmou que a Petrobras operava ilegalmente na Bolívia. O ministro boliviano teria restringido as ilegalidades ditas por Morales ao suposto fato de os contratos com a Petrobras não terem sido submetidos ao parlamento.