Reação à guerra e rolagem de dívida derrubam dólar para R$ 3,60

O sucesso da rolagem de uma dívida cambial e o crescimento, no mercado, da percepção de que uma possível guerra no Iraque talvez não aconteça em fevereiro, como se esperava anteriormente, levaram o dólar a registrar sua maior queda em duas semanas.

A moeda hoje fechou em queda de 1,09%, a R$ 3,60 para venda e R$ 3,595 para compra. O destaque entre os vendedores de dólar foram as empresas exportadoras e alguns bancos que preferiram embolsar o lucro da recente alta do dólar, vendendo a moeda logo após ela atingir, ontem, a maior cotação do ano.

Enquanto isso, o risco-país brasileiro opera em baixa de 2,63% a 1.369 pontos.

A previsão é que o mercado fique mais calmo até sexta-feira quanto à possibilidade de guerra entre EUA e Iraque, mas volte a se agitar na sexta-feira, quando os investidores fecham posições para um fim de semana que reserva o encontro do presidente dos EUA, George W. Bush, e seu aliado, o premier britânico Tony Blair.

Após os discurso de Bush ontem sobre o Estado da União, ganhou espaço no mercado a percepção de que a guerra contra o Iraque, país acusado pelos EUA de manter armas de destruição em massa, não deve ocorrer antes de março.

Os motivos seriam a falta de consenso entre os membros do Conselho de Segurança da ONU (organização das Nações Unidas) e o fato de fevereiro ser um mês repleto de feriados muçulmanos, religião predominante no Iraque e nos países vizinhos.

Além disso, cresce também a percepção, entre analistas e operadores, que a guerra estaria sendo usada pelo governo de Bush para distrair a atenção que de outra forma recairia sobre a lentidão da recuperação econômica norte-americana.

“O governo dele [Bush] não tem nada para mostrar, por isso só fala em guerra, guerra, guerra”, afirmou José Roberto Carreira, gerente de câmbio da corretora Novação.

A virada do dólar, que operara toda a manhã em alta, ocorreu depois que o Banco Central anunciou ter concluído a rolagem de toda a parcela renovável da dívida de US$ 1,8 bilhão que vence no próximo dia 3 (cerca de 94,5% do total).

Em linha com a perspectiva de guerra adiada. o BC pagou taxas muito mais baixas aos investidores do que na rolagem de ontem – no caso dos contratos que vencem no início de março, a queda foi de quatro pontos, surpreendente para um único dia.

Além da rolagem da dívida, o BC já havia renovado durante a manhã US$ 300 milhões em linhas externas a vencer na próxima semana. Ontem haviam sido alongados outros US$ 300 milhões.

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