O reinício das atividades do Frigorífico Margen, desde a última segunda-feira, trouxe tranqüilidade para centenas de pecuaristas paranaenses. A empresa havia sofrido intervenção federal em 1º de dezembro por uma série de irregularidades, entre elas, sonegação de impostos, e foi obrigada a fechar suas portas.

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O grupo recebeu sinal verde para voltar a operar mediante compromisso com o Governo Federal de não demitir seus 11 mil funcionários no país. No Paraná, gera 2.300 empregos diretos, através de suas quatro unidades – duas em Maringá, uma em Lupionópolis e outra em Paranavaí. Das 1,8 milhão cabeças destinadas ao abate, por ano, o Margen compra cerca de 720 mil, o equivalente a 40% do total.

A suspensão dos abates, em dezembro, provocou imediata queda nas cotações. A arroba do boi vivo caiu em média, de R$ 61 para R$ 57, com prazo de pagamento para 30 dias. A arroba da vaca não supera a R$ 51.
Agora, diante da nova situação, os criadores esperam o retorno dos preços pelo menos aos níveis de 1º de dezembro, o que deve ocorrer, também, por conta do incremento nas exportações de carne bovina in natura ao mercado internacional.

Redução de riscos

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Para o presidente da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, o reinício dos abates devolve uma certa tranqüilidade aos pecuaristas. "Quanto mais canais de comercialização contarem os criadores, menor será sua vulnerabilidade. Por isso é importante diluir as vendas de animais terminados entre vários compradores idôneos e com tradição no mercado", aconselha.

Tanto a Faep quanto o Governo do Estado defendem a participação de pecuaristas e cooperativas no abate e distribuição de carne bovina, visando redução de riscos diante de uma crise como a proporcionada pelo fechamento temporário do Margen ou por conta de calotes de frigoríficos aparentemente sólidos.

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"É fundamental que o produtor rural tenha uma ação mais efetiva em toda a cadeia produtiva da carne. É importante que ele cuide não somente da produção, mas que também interfira, participe ativamente do processo de industrialização e comercialização da carne bovina", argumenta Pessuti.

Meneguette e o secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, apontam as alianças mercadológicas como uma das alternativas para menos sobressaltos e prejuízos financeiros que recaem sempre sobre os criadores. Esta experiência já ocorre em Paranavaí, União da Vitória, Pato Branco e Jacarezinho, onde os criadores contratam os frigoríficos apenas para o abate dos animais, assumindo a negociação com os supermercados.

A participação das cooperativas na compra e industrialização da carne bovina aparece como outra opção, embora sejam necessários grandes investimentos. "Trata-se da busca de mecanismos confiáveis para a diminuição da dependência dos pecuaristas perante os frigoríficos", justifica o secretário da Agricultura.

A cadeia produtiva da pecuária de corte e o governo do Estado pretendem implantar a mesma e bem sucedida experiência realizada no segmento leiteiro, após a profunda crise provocada pela Parmalat. Na ocasião as cotações para o produtor ficaram estáveis por existirem outros canais seguros de comercialização sob a responsabilidade de cooperativas de laticínios sólidos.

Houve até consenso para todos os segmentos da pecuária leiteira definirem preços mensais, de acordo com as necessidades de cada elo da cadeia, considerando-se custos e perspectivas de margem de lucro. Isso vem sendo possível por causa de um insumo muito importante também no agronegócio a transparência em todas as etapas da produção e comercialização.