À guisa de reivindicar o cumprimento das metas assumidas pelo governo federal em termos de famílias assentadas, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), como tem feito com ensaiada orquestração, voltou a ocupar praças de pedágio no interior do Estado sob o desgastado argumento de dar maior impacto à luta pela conquista da terra.
Há carradas de razão a assistir o pleito histórico dos agricultores sem terra, assim como não se pode deixar de execrar o governo pela ineficiência com que conduz a política de distribuição das áreas destinadas à reforma agrária.
Contudo, é quase impossível justificar a recorrente invasão de praças de pedágio por parte de militantes do MST, em cristalina demonstração de desrespeito à legislação que, entrementes, para benefício próprio, sempre estão dispostos a mover céus e terra para exigir obediência.
É desnecessário aprofundar-se no mérito da questão para descobrir a absoluta ausência de nexo entre cobrança de pedágio e reforma agrária. A liberação das cancelas durante algumas horas ou dias, como já aconteceu, além do prejuízo das concessionárias, até esse momento, não reverteu na celeridade da ação governamental.
Além de cansativa, a pressão tem-se demonstrado inócua. A luta dos sem terra deve procurar parâmetros definidos e consentâneos com as normas da urbanidade e bom senso. Está provado, apesar do discurso de João Pedro Stedile, que nada se conseguiu construir até agora pela força.