Novos confrontos e saques ocorreram hoje em Díli, capital do Timor Leste, ao mesmo tempo em que o Prêmio Nobel da Paz José Ramos Horta informava que passaria a cuidar da segurança do país para tentar curar as divisões nas forças armadas que afundaram a mais jovem nação do planeta em uma crise.
A nomeação do chanceler Ramos Horta para cuidar da segurança representa mais uma medida do presidente do Timor Leste, José Alexandre Xanana Gusmão, para tentar romper o impasse político que paralisou seu governo ao longo dos últimos meses.
"Talvez eu seja a única pessoa aqui capaz de curar as feridas com as forças armas, entre a polícia e as forças armas, entre a sociedade em geral e as forças armadas", declarou Ramos Horta em entrevista à rádio Australian Broadcasting Corp.
Ele deverá ser empossado amanhã nos cargos de ministro da Defesa e do Interior. Ramos Horta manterá o posto de ministro das Relações Exteriores. Sua indicação para a segurança marginaliza ainda mais o primeiro-ministro Mari Alkatiri, que voltou a rechaçar a pressão política para que renuncie. Ele alega que ainda goza de apoio popular.
Choques esporádicos entre o Exército do Timor Leste e soldados renegados, demitidos depois de uma greve, transformaram-se em sangrentos episódios de violência de rua em maio. Dezenas de milhares de pessoas fugiram de Díli ao longo dos últimos dias.
A escala da violência de hoje foi menor em comparação com os dias anteriores, mas persistiam os saques, incêndios e confrontos entre gangues rivais. Pelo menos 30 pessoas já morreram desde o início da atual onda de violência, no começo da semana passada.
Enquanto isso, o comandante das forças de paz enviadas pela Austrália ao Timor Leste, Mick Slater, comentou que parte da violência parece estar sendo orquestrada por "oportunistas", mas ele não identificou quem seriam esses grupos ou pessoas.