A recente morte do lavrador Vanderlei Moraes de Souza, 45 anos, em São Pedro do Ivaí, na região de Maringá, noroeste do Estado, levantou a discussão sobre o risco de permanecer em campo aberto durante temporais, fenômenos comuns do verão, segundo o Instituto Tecnológico Simepar. Após descer de seu trator, o trabalhador foi fatalmente atingido por uma descarga elétrica. A causa, segundo o Corpo de Bombeiros, foi imprudência da vítima. Para especialistas, nesse caso, Souza deveria ter permanecido dentro do trator, pois os pneus de borracha o isolariam do raio. De acordo com o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), dos 50 milhões de raios que caem por ano no Brasil, pouco menos da metade, 20 milhões, ocorre no verão. Anualmente, os raios matam em torno de 100 pessoas no País.

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Permanecer dentro de veículos durante uma tempestade com raios é um dos procedimentos de prevenção apontados por Marcos Geraldo Voos, engenheiro eletricista e especialista em segurança do trabalho da Companhia Paranaense de Energia (Copel). Segundo ele, o raio sempre procura locais mais altos e metálicos. “Em local aberto como campo ou praia, nosso corpo vira um ponto de referência para os raios. O ideal, nesses casos, é se abrigar em locais como construções ou até mesmo veículos”, recomenda. Vale ainda evitar utilizar telefones com fio e ficar longe de árvores (ver quadro).

Arquivo
Raios matam em torno de 100 pessoas no País todo ano. No Paraná, vítima mais recente foi lavrador do noroeste, morto semana retrasada.

Segundo o major Mauricio Aliski, da Defesa Civil do Paraná, o raio é uma descarga elétrica que ocorre entre a nuvem carregada de eletricidade e a terra, mais precisamente entre a nuvem e o ponto mais próximo que esteja na terra. Por isso, na ausência do pararraios, a descarga poderá ocorrer sobre árvores isoladas, postes, cercas e até mesmo em seres humanos. Uma descarga elétrica dessa natureza possui uma potência média de 15 mil ampéres. Um chuveiro, por exemplo, chega a 30 ampéres.

Para o Instituto Tecnológico Simepar, o fato de o Paraná ter muita umidade e calor durante o verão, contribui para a alta incidência de raios. “Como temos essa característica no verão, as nuvens se desenvolvem mais verticalmente, ou seja, são mais altas e rápidas. Isso faz com que vários fatores meteorológicos se formem e contribuam para formação de atividade elétrica”, explica a meteorologista Sheila Paz, do Simepar.

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Tecnologias

Um estudo feito pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) constatou que, nos últimos dez anos, houve um aumento de 18% nas descargas elétricas em todo o Brasil. No entanto, de acordo com o Inpe, a razão disso pode ser a evolução da tecnologia utilizada para medir raios.

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