Brasília – O economista Paulo Rabello de Castro, consultor dos Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), criticou a proposta que está sendo alinhavada pelo juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio, com apoio do governo, de dividir a companhia antes da sua recuperação e leiloar a parte doméstica a investidores. "Isso é o mesmo que vender um ativo sem valor", comparou o economista.
Castro disse que a empresa é viável, apesar de ter uma dívida total de R$ 8,5 bilhões. O economista defendeu o plano de recuperação da companhia aérea, homologado pela Justiça em dezembro do ano passado. "Não há porque mudar algo que ainda nem foi implementado", afirmou, durante a segunda audiência pública realizada por quatro comissões permanentes do Senado para discutir a crise da companhia.
Segundo Castro, o modelo defendido pelo TGV prevê a capitalização da empresa aérea e a sua melhora de caixa – a partir dos recursos dos trabalhadores existentes no fundo de pensão Aerus, sob intervenção desde abril, e do "encontro de contas" com a União e os governos estaduais. A idéia é que esses créditos com os governos formem um fundo para garantir a liberação de um empréstimo do BNDES que seria usado como capital de giro. Somente depois disso, haveria o leilão da empresa.
A reunião no Senado foi esvaziada pela ausência de convidados. Os representantes dos sindicatos dos aeronautas e dos aeroviários, além do juiz Ayoub, justificaram a falta porque deveriam estar presentes à assembléia de credores. Já o presidente do BNDES, Demian Fiocca, e o secretário de Previdência Complementar, Adacir Reis, alegaram, pela segunda vez, ter problemas de agenda, o que provocou a ira dos senadores
As comissões aprovaram a convocação dos "superiores hierárquicos e diretos" dos dois assessores: os ministros Luiz Furlan, do Desenvolvimento, e Nelson Machado, da Previdência Social. "Vamos ver se tendo que acompanhar os seus superiores eles comparecerão", comentou o presidente da Comissão de Infra-Estrutura, senador Heráclito Fortes (PFL-PI).
No final da reunião, um grupo de aposentados da companhia entregou de forma simbólica à comissão as suas carteiras dos planos de saúde, em protesto à decisão do interventor do fundo de pensão Aerus de suspender os planos de saúde, já que esse benefício está condicionado às reservas do fundo de pensão.