Pouco a pouco vamos entendendo o que pensa, o que faz e, principalmente, o que não faz o governo. Para observadores mais atentos, as coisas já vinham se tornando claras, o que não impedia, mas antes incentivava os que são contra suas políticas. Criticavam-nas e exigiam mudanças de rumo. Na oposição e nas próprias hostes governistas. A política econômica do governo é guardar dinheiro, entesourar o máximo, mesmo que faça falta aqui dentro do País e, com os superávites obtidos, que já são enormes diante do PIB e mesmo diante do orçamento, na parte de despesas. Tudo isso para pagar credores externos, que tanto podem ser bancos, como outras instituições ou governos. A longo prazo, o que pretende o governo é a independência do Brasil de capitais externos, habilitando-se a andar pelas próprias pernas.
O que faz, pois, é o que sempre reclamaram dos governos do País. Sempre se falou muito do imenso tamanho da dívida externa. Hoje ela está gigantesca e o esforço para pagar seus juros e chegar a pagar o principal é hercúleo. Dizem que há males que vêm para o bem e, se o governo conseguir esse milagre da independência de capitais externos, começaremos a arrotar grosso neste mundo globalizado, passando a figurar não mais entre os pedintes, mas entre os grandes que vivem de seu próprio dinheiro, negociam com os outros países de igual para igual e até emprestam dinheiro. Passaríamos de grandes devedores a credores, mesmo que modestos e tendo como nossa clientela países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, que pertencem à classe daqueles que Lula gostaria de ver unidos em bloco, sob sua liderança.
Até o fim de setembro passado, o governo executou, em média, somente 15,2% dos investimentos previstos no orçamento de 2004. Lei de meios aprovada pelo Congresso, portanto dinheiro que poderia ser liberado, em especial para obras de infra-estrutura, consideradas indispensáveis ao desenvolvimento nacional. Haja vista que o governo briga com a oposição para ver aprovado o projeto de Parcerias Público-Privadas, as PPPs, desejadas associações entre o governo e empresas privadas para construção de obras de infra-estrutura, como estradas, pontes, ferrovias, vias navegáveis, portos e o que mais necessitamos para movimentar a nossa crescente produção. Obras que precisamos para incrementar a indústria, a agricultura, o comércio e gerar empregos e renda para o povo, o anseio mais anelado.
Segundo levantamento do Sistema de Administração Financeira do Ministério dos Transportes, a execução de gastos no setor não chegou a mais de 11,8%. Assim, as estradas esburacadas não são uma vergonha, mas uma economia propositada. Não queremos gastar, embora possamos, pois o dinheiro é para pagar credores e gritar a independência do Brasil. Quando? Deus é quem sabe, tão grande é a dívida externa.
Pelo caminhar da carruagem, os ministérios não gastarão nem o dinheiro que o orçamento aprovado pelo Congresso permite. É política “mão de vaca” e se dela resultar a redução substancial ou até quase extinção da dívida externa, “viva Zapata!”.
Ou o governo corrige essa política de extrema economia para pagar juros ou o resultado será a morte pelo desemprego, falta de desenvolvimento interno e agravamento das questões sociais.
