O ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia, acaba de chegar à sede do PMDB para reunião da executiva nacional do partido, fazendo a defesa da candidatura do ex-presidente Itamar Franco à Presidência da República. Questionado sobre a pré-candidatura do ex-governador do Rio Anthony Garotinho, Quércia disse que, no dia 19 de março, o partido realizou apenas uma consulta, mas que a executiva já disse que o partido ainda não tem candidato.
"Itamar é um homem honrado, reto, de centro-esquerda que tem história e tradição e, por isso soma o partido", afirmou Quércia, convencido de que o ex-presidente tem condições de agregar as várias alas do PMDB em torno do seu nome.
No cenário da candidatura Itamar, Quércia se propõe a disputar o governo de São Paulo. "Essa candidatura coloca o PMDB de volta a seu destino, e eu serei candidato a governador para ajudar o partido, pois nossa luta em São Paulo sempre foi pela candidatura própria."
Garotinho, que desembarca em Brasília ao meio-dia, está desde ontem muito irritado com a atitude de Quércia. Ontem, surpreendido com a articulação do presidente do PMDB paulista, ele reafirmou sua candidatura. "Isto é coisa isolada do Quércia. É mais uma pedra no meu caminho, mas eu a removerei e vou à convenção nacional do PMDB, apresentar minha candidatura", disse Garotinho. Hoje, ele participa da reunião da executiva nacional do PMDB que vai discutir a conveniência política de lançar candidato ao Planalto com a regra da verticalização, que proíbe alianças nos Estados entre partidos adversários na corrida sucessória.
Garotinho contou ter recebido um telefonema de Quércia, falando que gostaria de apoiá-lo, mas que estava encontrando resistências. Como Quércia citara os nomes do governador gaúcho Germano Rigotto (PMDB) e do senador Pedro Simon (PMDB-RS), o ex-governador do Rio resolveu tirar a história a limpo. "Conversei com Simon e ele me disse que não falou com o Itamar. Disse que ouviu a história do Quércia e que só há possibilidade de o PMDB lançar outro candidato a presidente no caso de eu abrir mão da disputa", contou Garotinho, ao frisar que Rigotto também imaginara que ele havia desistido.
"Eu vou à convenção", insistiu o ex-governador. "Há uma regra estabelecida e me estranha que o senhor Quércia, que declarou que apoiaria o vencedor das prévias, esteja com este posicionamento", protestou.