Quem é indiciado?

?Quem tem pressa, come cru?, diz o ditado popular. O PT completava apenas 24 anos de existência e, sendo um partido de trabalhadores, dizendo-se de esquerda, socialista, estava ainda imberbe para imaginar que poderia governar este imenso País. As barbas-símbolo poderiam ser um sinal de revolução. Nunca de evolução, pois num país comandado há séculos pela elite e a burguesia, a classe operária não poderia esperar ambiente propício para governar, tendo vivido tão pouco tempo.

Mas, com Lula e sua figura ímpar, conseguiram chegar ao poder. Não porque o povo acreditasse no Partido dos Trabalhadores ou tivesse certeza da competência de seu principal líder, o operário-metalúrgico, mas porque estava cansado de tanto desgoverno e do adiamento permanente da solução dos mais graves problemas nacionais.

O fato é que o PT assumiu o poder despreparado e com um pelotão de meia dúzia de ?companheiros? de boa vontade, mas pequeno e insuficiente para governar o Brasil. A solução foi buscar apoios onde quer que se apresentassem. Antes disso, entretanto, tomou a decisão gravíssima de abrir mão de sua ideologia e programas, deixando de ser de esquerda, socialista, agremiação das mudanças. Foi uma metamorfose que pareceu necessária para atrair partidos como o liberal-evangélico PL, o pseudo trabalhista PTB, o comunista renunciando PPS e até o esperto PP. A questão era número de apoios e não sua qualidade, pois se fazia imprescindível a montagem de uma base parlamentar majoritária, mesmo que formada de um sem-número de oportunistas e interesseiros. Entraram bons, mas, em maioria, os ruins.

A crise que hoje toma conta do governo era previsível. O PT transformou-se num desfigurado e pequeno departamento do governo que passou a se enfraquecer cercado de mil parasitas.

Estourando a crise, que mostra corrupção aqui, ali e acolá, procuram-se os culpados. Deseja-se saber ?quem é indiciado?. Tentaram limitar a crise ao governo, o que desagradou aos seus membros, a maioria não petistas. Buscou-se transformar a onda de corrupção em males do PT, o que desagradou aos dirigentes do pequeno partido. A última versão chega a ser ridícula. No episódio das ?mesadas? para aliados que se dispuseram a votar com Lula no Congresso, conforme denunciou o petebista Roberto Jefferson, aparece Delúbio Soares, tesoureiro do PT. Ele seria o pagador de promessas, o homem que punha a mão no bolso e dava a cada deputado aderente nada menos de R$ 30.000,00 por mês para votar nas propostas de Lula, tudo segundo o presidente nacional do PTB, o deputado fluminense Roberto Jefferson Francisco.

Não se pode imaginar que o tal Delúbio seja tão rico, tão bonzinho e tão lulista que se dispusesse a gastar uma fortuna própria gigantesca para ver aprovadas as propostas do governo, que nem petistas autênticas eram. Se dinheiro pagou, deve ter sido instrumento e não fonte dos recursos. Ou estes são do PT ou do governo, nosso, do povo. Nesse quadro, começam os descontentamentos e uma guerra surda entre o PT e seu líder, Lula. E este, preocupado, sofre duramente 45 minutos, enquanto o Brasil perde, no futebol, da Argentina…

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo