O número de queimadas na Amazônia Legal entre 1º de janeiro e ontem caiu 45,8% em relação ao mesmo período do ano passado e é o menor desde 2001. Entre as causas prováveis para isso estão a crise entre os produtores de grãos, condições climáticas que impedem o alastramento de focos e o aperto na fiscalização.
O programa de monitoramento de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrava até ontem de manhã um número acumulado de 44.304 focos de incêndios neste ano na Amazônia Legal. Em 2001, no mesmo período, foram 44.125 focos. De 1º de janeiro a 13 de setembro de 2002 foram 68.411; de 2003, 73.427; de 2004, 92.748; e de 2005, 81.762.
A crise na agricultura ajuda a explicar a redução, segundo o pesquisador Alberto Setzer, coordenador do programa. Descapitalizados, os produtores estariam deixando de abrir áreas para a produção de grãos. A maioria ainda usa o fogo para expor o solo.
A redução de queimadas na região amazônica refletiu nos números de incêndios no Brasil. Neste ano, o total de focos acumulados no País era de 57.935, o menor dos últimos seis anos. Em 2001, no mesmo período, foram 66.922 focos; 95.026 no ano seguinte; 93.794 em 2003; 111.256 em 2004 e, no ano passado, 102.228. Mas Setzer alerta que é cedo para comemorar. ‘A temporada de queimadas vai até novembro e os números podem mudar.
Setzer apontou outros fatores que podem ter ajudado na redução: as condições climáticas – está sendo um ano menos seco na Amazônia – e o efeito da fiscalização. No último fim de semana, quando agentes do Ibama deflagraram uma ação contra queimadas em Rondônia, o número de focos registrado foi de 1.026. Já anteontem, sem fiscalização, saltou para 3.544. Só na manhã de ontem já havia 1.830 focos. Mato Grosso lidera o ranking das queimadas desde 2000 – apenas em 2005 foi superado pelo Pará, normalmente o segundo colocado.