Mudou o mapa da agricultura brasileira de grãos. As regiões tradicionais produtoras do Sul, tendo como coração o Paraná, voltaram a ser mais rentáveis para exportação do que o Centro-Oeste, que durante os últimos 15 anos foi o eldorado do agronegócio em razão das terras baratas. A trajetória de queda do dólar, que na semana passada rompeu a barreira de R$ 2, provocou o rearranjo do agronegócio e já tem reflexos na renda que circula nessas regiões.
"O dólar deixou de encobrir a ineficiência da infra-estrutura", diz o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados, que detectou as mudanças. Para ele, a moeda americana vai continuar em queda "até onde a vista alcança", e a alteração na geografia do agronegócio veio para ficar pelos próximos três a quatro anos, até que haja tempo hábil para consertar problemas da infra-estrutura.
Com o dólar abaixo de R$ 2, a margem de ganho do produtor de milho de Londrina, no norte do Paraná, equivale, nesta safra, a 56% do preço de exportação. Se for incluído o gasto com frete, cai para 28%, segundo a consultoria. Trata-se de uma bela margem diz Mendonça de Barros, se comparada à obtida pelos produtores de Rio Verde, importante pólo de grãos no sul de Goiás. A rentabilidade do produtor da região que exporta milho é 51% do preço nesta safra. Com o frete, cai para 8,5%, menos de um terço do ganho obtido pelo agricultor do Paraná.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo