A presidente da Standard & Poors no Brasil, Regina Nunes, disse nesta quarta-feira (14) ser equivocada a avaliação de que a queda da Selic (taxa básica de juros, atualmente em 12,75% ao ano) é umas das condições necessárias para que o Brasil gere crescimento. "Querer que a taxa caia porque o Brasil não cresceu, e por isso é preciso reduzir a Selic, é uma brincadeira de mau gosto. Juros não caem sob decreto", afirmou, durante participação no Seminário "A Conquista do Grau de Investimento para o Brasil: Desafios e Conseqüências", realizado pela Casa Brasil, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

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Segundo ela, o conjunto da sociedade brasileira deve considerar que a formação da taxa Selic depende da necessidade do governo para rolar a dívida pública existente; ter liquidez, caso precise promover captações; dê previsibilidade para o tamanho da máquina pública no futuro; e controle da inflação. "A dívida do Brasil e os gastos públicos não mudam nada se a Selic cair. O meu problema (para estabelecer classificação de risco) não é a Selic, mas a capacidade de operação no Brasil", acrescentou, explicando que os maiores entraves estão no tamanho da máquina pública e no tipo de gasto inadequado feito pelo governo. "O custo do Brasil para o trabalhador, de 39% de carga tributária sobre o PIB, é inaceitável, além de termos uma burocracia absurda", analisou.

Ela também rejeitou a análise de que a queda da Selic promoverá desvalorização cambial e que isso resultaria em ganhos de competitividade para as exportações brasileiras. "Chegamos a ter um câmbio de R$ 4 e não exportávamos nada. A Coteminas consegue vender hoje uma camisa mais barata do que a produzida na China", avaliou, ao destacar que mesmo em setores sensíveis, como os têxteis, o Brasil tem competitividade.

Para ela, mais do que pensar em intervir no câmbio, o Brasil deveria abrir mais a economia às importações. "Por quê não se discute abrir mais o mercado para as importações? Garanto que o câmbio sobe muito mais rápido se isso for feito", opinou.

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