Quebra de sigilo de caseiro revela que ele recebeu R$ 38 mil este ano

O caseiro Francenildo Santos da Costa, que diz ter visto o ministro da Fazenda Antonio Palocci na casa alugada por Vladimir Poleto em Brasília por "dez ou 20 vezes", teve a sua movimentação financeira exposta em uma reportagem publicada este final de semana pela revista Época, da editora Globo.

Hoje (20), em São Paulo, o ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos disse que a Polícia Federal vai investigar o vazamento de informações para a imprensa. "Acredito que seja uma violação grave, essa quebra de sigilo é séria", disse Thomaz Bastos. "Ela precisa ser apurada e ela vai ser apurada". O ministro disse também que os responsáveis pelo vazamento serão punidos.

O extrato da conta que o caseiro tem na Caixa Econômica Federal, ao qual a revista Época teve acesso, mostra que ele recebeu desde o início do ano R$ 38.860. Francenildo justificou a movimentação financeira dizendo que é filho bastardo do empresário Euripedes Soares da Silva, dono de uma empresa de ônibus em Teresina, e que teria recebido o dinheiro dele. Soares nega ser o pai do caseiro, mas confirma que fez os depósitos.

Na semana passada, o caseiro teve seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos (CPI dos Bingos) suspenso por liminar do Supremo Tribunal Federal (STF). Antes, no entanto, Francenildo confirmou que viu Palocci em casa alugada em Brasília por Vladimir Poleto por "dez ou 20 vezes". Poleto foi um dos assessores de Palocci, na época em que ele foi prefeito de Ribeirão Preto (SP).

O caseiro já havia dito em entrevista a um jornal paulista que presenciou partilha de dinheiro por Poleto e outros ex-assessores de Palocci. Relatou também que o ministro "chegava sozinho, vinha num Peugeot prata, de vidro escuro, dirigindo sozinho". O Peugeot também seria usado pelo ex-assessor de Palocci Ralf Barquete, morto em 2004.

Em resposta à reportagem, a assessoria do Ministério da Fazenda reafirmou que o ministro nunca esteve na casa e disse que ele não dirige em Brasília e, por isso, sempre se utilizou na cidade de carro guiado por motorista particular ou oficial.

Costa é a segunda testemunha a dizer que viu Palocci na casa alugada por Poleto. A primeira foi o motorista Francisco das Chagas, que prestou serviços para assessores de Palocci em Ribeirão Preto. A afirmação de Chagas foi feita em depoimento à CPI, no dia 8.

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