A tendência de produção de veículos com conteúdo local cada vez maior já provocou reflexos nas importações das grandes montadoras brasileiras este ano. O total de compras externas das empresas Volkswagen, Fiat, General Motors e Ford de janeiro a setembro caiu 27,4% em relação ao mesmo período do ano passado, alcançando US$ 1,363 bilhão (FOB), de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
A redução nos volumes produzidos no período também contribuiu para o resultado, mas o ritmo de queda nas importações foi mais intenso do que o da retração nas linhas de montagem: a produção caiu 9,1% nos primeiros nove meses do ano em relação ao mesmo período de 2001.
Os recentes lançamentos no mercado brasileiro confirmam o esforço das empresas em encontrar fornecedores locais para seus produtos, que chegam às concessionárias com um índice de conteúdo importado cada vez menor. O novo Polo, da Volks, lançado em maio, nasceu com um índice de nacionalização alto: 92%. Revestimentos acústicos, componentes de transmissão e o sistema de som estão entre os itens hoje fornecidos por parceiros locais.
O Polo Sedan, que será lançado em novembro, chegará às concessionárias com 95% de índice de peças brasileiras. O porcentual é considerado bastante alto para os padrões de um lançamento. Hoje, somente modelos veteranos, como o Gol, com 98% ostentam nacionalização tão significativa.
De janeiro a setembro, a Volks importou US$ 506,2 milhões, de acordo com a Secex. O resultado equivale a uma redução de 17,1% em relação ao mesmo período de 2001. A Fiat conseguiu diminuir suas compras externas em quase 50% no período para US$ 227,7 milhões. A Ford vai na mesma direção com seu maior lançamento em 2003, o EcoSport. O carro começará a ser produzido no primeiro trimestre do próximo ano e sairá de fábrica com índice de nacionalização de 90%, semelhante ao do novo Fiesta, que tem 95% de suas peças fornecidas por empresas locais. Nos primeiros nove meses do ano, as importações da montadora caíram 12%, para US$ 401,4 milhões.
A General Motors, que lançou cinco modelos no mercado brasileiro este ano, já deixou claro que aposta no aumento do índice de peças nacionais utilizadas em seus veículos produzidos no Brasil como uma de suas principais estratégias para melhorar seus resultados financeiros. O novo Astra, lançado em setembro, tem hoje 85% de peças adquiridas no País e a idéia é elevar esse conteúdo para 92% nos próximos meses. De janeiro a setembro, a GM importou US$ 227,9 milhões, valor 36% inferior ao do mesmo período de 2001.