Quatro Cartazes Internacionais na Mostra em Língua Espanhola

O Guairinha, o mini-auditório, do Teatro Guaíra, e o Teatro José Maria Santos sediam de 17 a 23 de junho a Mostra em Língua Espanhola, evento promovido pelo Centro Cultural Teatro Guaíra, que chega à sua terceira edição neste ano. Quatro espetáculos estão agendados: Antígona, com o grupo Yuyachkani, do Peru; La Historia de la Oca, com o grupo Les Deux Mondes, do Canadá; La Sucursal, com o grupo La Machina Teatro, da Espanha e Ubu Rei, com o grupo Marfil Verde.

Em Antígona, a atriz Teresa Ralli vive diversos personagens: um narrador que leva o público ao início da história – o ataque de Tebas, as mortes de Eteocles e Polinices que originam os dramáticos episódios -, um mensageiro, Creonte, Antígona, Tirésias. Por fim, desvenda sua identidade verdadeira: Ismênia. O cenário da montagem é despojado: uma cadeira, iluminação pontual e a representação.

La Historia de la Oca toca num ponto crucial e invisível: a violência doméstica contra crianças. O título refere-se à pior prisão do mundo: a vítima-prisioneira não pode escapar. Sem chance de defesa, em meio ao desespero, a criança se refugia em si mesma. E as marcas ficam para a vida inteira.

O personagem central, Maurice, expõe à platéia as conseqüências dos horrores impostos por seus pais. O casal de agressores não aparece em cena. Impedido de relatar seu drama, o garoto escolhe como interlocutor um ganso ? simbolicamente, uma ave que não pode voar. A essa ave, narra sua triste existência. Apresentada em vários idiomas ao redor do mundo, a peça invariavelmente causa forte impacto emocional sobre o público, já que trata de um tema universal.

Em La Razón Blindada, do Equador, três referências sustentam a montagem: Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, A Verdadeira História de Sancho Pança, pequeno texto de Franz Kafka, e as narrações de presos políticos da ditadura argentina na década de 1970.

Dois presos políticos, pressionados pelas circunstâncias emocionais e físicas, se reúnem todos os domingos, ao entardecer, para contar a história de Dom Quixote e Sancho Pança. Apesar das limitações a que estão sujeitos na prisão de segurança máxima, eles também se deparam com a necessidade vital de contar uma história que os salve e os transporte a uma aventura humana situada na imaginação. Então, reinventam continuamente Don Quixote, o cavaleiro que confunde moinhos com gigantes, prisões com paraísos e que se exila na irracionalidade. Buscam fantasias que os ajudam a viver.

A montagem espanhola de La Sucursal aborda a mendicância, que nada mais é que uma escravidão disfarçada. O trabalho não é uma obra de tese, mas uma metáfora da exploração, exposta com uma boa dose de humor negro e certo sarcasmo vil e canalha, para que o espectador reflita entre compassos melancólicos de música de acordeon.

Ubu Rei, um clássico da dramaturgia universal, é a montagem que será apresentada pelo grupo argentino Marfil Verde. O personagem central – Père Ubu – é o primeiro anti-herói da história do teatro. Tipo ridículo, cínico e repulsivo, torna-se rei da Polônia e simboliza a estupidez e avareza da burguesia. Enfim, um espelho grotesco da iniqüidade da condição humana.

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