Curitiba, 22 (AE) – O esquema montado pela quadrilha de clonagem de celulares desbaratada pela polícia do Paraná com apoio de policiais de Campinas (SP) incluía até mesmo um site, que oferecia um dos sistemas mais modernos de comunicação disponível no mundo, o Voice IP, que converte dados da internet para a telefonia. As duplicações dos telefones clonados no Brasil serviam para manter uma espécie de operadora de telefonia clandestina nos Estados Unidos, de acordo com as investigações que vêm sendo feitas pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), do Paraná. A quadrilha tinha em computador o registro de 200 mil números de celulares, que podem estar clonados.
O sistema era operado nos Estados Unidos por uma pessoa conhecida como Michael Gery, que seria o cabeça da quadrilha. Pelas investigações, os clientes da empresa mantida por Gery acessavam o site, pagavam pelas ligações, mas desconheciam o fato de que as chamadas eram completadas por linhas clonadas. “Os chefes da quadrilha ficavam com o dinheiro pago pelos usuários e as operadoras que tinham os números duplicados, com o prejuízo”, disse o delegado do Cope, Marcus Vinícius Michelotto.
“Acreditamos que os usuários do sistema clandestino tenham agido de ‘boa fé’.” No Brasil, Gery contava com o trabalho da quadrilha desmantelada e que tinha na chefia Willian Wadith Zakhour, de 47 anos, provavelmente de origem árabe, embora os documentos citem dois locais diferentes de nascimento no Brasil. Ele já tem condenação pelo mesmo crime na Bolívia e em Guarapuava, no Paraná, de onde fugiu. Com Zakhour atuavam sua amante Mariana Ferreira Cardoso da Silva, de 25 anos, o irmão dela, Abrahão Correia da Silva Filho, de 32 anos, e o vietnamita que vive clandestinamente no Brasil, Tran Van Quang, de 46 anos. Todos estão presos em Curitiba.
O trabalho deles era captar sinais dos aparelhos celulares nas proximidades de aeroportos, copiando os códigos. Depois, os dados eram passados para um equipamento sofisticado importado dos Estados Unidos, que tinha contato permanente com a central norte-americana, clonando-os. Essa central funcionava como a operadora de telefone necessária para completar as chamadas feitas pelo sistema Voice IP, que utiliza microfones e fones de ouvido instalados no computador.
A polícia descobriu que os equipamentos encontrados no Brasil foram fabricados pela empresa Intercomm LLC, de Milwaukee, nos Estados Unidos, que também fazia a manutenção. Nas notas fiscais consta o nome de Karin Said. A Agência Brasileira de Informações (Abin) deverá comunicar as autoridades norte-americanas para que participem das investigações, descobrindo o site que fornecia o serviço e localizando as pessoas responsáveis. O Cope já pediu a quebra de sigilo de contas telefônicas de 131 telefones celulares encontrados nos apartamentos vasculhados em Campinas. “Será possível rastrear as ligações e descobrir todos os que participaram, de alguma maneira, do esquema”, acredita Michelotto.
Quadrilha que clonava celular usava site e operadora clandestina
3 minutos de leitura
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna