Uma quadrilha organizada, onde os papéis de cada integrante eram bem delimitados. Assim era o bando liderado por Ronaldo Duarte Barsotti de Freitas, o Naldinho, de 33 anos. Além da Baixada Santista, o grupo entregava cocaína no Morro do Turano, no Rio. "Era um esquema profissional", disse o delegado Ivaney Cayres de Souza, diretor do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc).
Segundo os investigadores, a droga chegava à Baixada Santista e era levada para um sítio de Naldinho em Ribeirão Pires. Só três do bando sabiam o endereço. Um pegava a cocaína num carro e passava para o outro. Ia para o sítio e fazia "o vira", o processo de acrescentar xilocaína, cafeína e outras substâncias para aumentar o peso da droga e o lucro da quadrilha. Depois, a cocaína era passada para outro carro e levada de volta a Santos.
Essa tarefa era feita por Maurício Louzada Guilhardi, o Soldado, e Ademir Carlos de Oliveira, o Pezão. Eles levavam o carro preparado ao traficante Fernando Viana, responsável por transportar a droga para o Rio. "Uma vez ele escapou com 70 quilos de um bloqueio nosso na Dutra", contou o delegado Pedro Pórrio. Viana, disse o policial, foi ao Rio via Minas.
Ao chegar ao Rio, Viana fazia a mesma coisa que os colegas em São Paulo: deixava o carro na entrada do Turano e os traficantes do Comando Vermelho o levavam para tirar a droga. Mais tarde, deixavam o carro no mesmo lugar. Essa compartimentação tinha um motivo simples: "Caso algum integrante do bando fosse preso, jamais poderia revelar à polícia todos os detalhes do funcionamento da quadrilha", afirmou o delegado.
Viana, Soldado e Pezão foram presos. A polícia deteve até ontem 13 acusados de ligação com o grupo por associação para o tráfico – caso de Edson Cholbi Nascimento, o Edinho -, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Na Baixada, além de Pezão, quem ajudava Naldinho a distribuir a droga era Marcelo Trindade Benedicto, morto no dia 3. Ele a levava para os pontos-de-venda na região. Segundo o Denarc, Naldinho controlava o tráfico no José Menino e no Morro São Bento, em Santos. Para lá, a droga ia contada, ao contrário do que ocorria no Rio, onde era entregue a um atacadista.
Por segurança, Edinho é mantido preso no Denarc. Seu amigo Naldinho envolveu-se em uma guerra entre integrantes do Primeiro Comando da Capital e 16 aliados seus foram mortos sob ordens do PCC.
Naldinho foi transferido de duas prisões porque os presos delas queriam matá-lo. Os do PCC sob as ordens de sua chefia e os de uma facção rival porque não toleram ex-integrantes do PCC. A ordem para matar Naldinho partiu, segundo a polícia, do líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. Ele repreendeu seus subordinados no Centro de Detenção Provisória de Praia Grande porque não conseguiram matar seu desafeto na sexta-feira.