Rio de Janeiro – Num país em que a taxa de homicídios de jovens quase dobrou nos anos 90 e que registrou, somente em 2004, 32 mil vítimas de armas de fogo, um referendo sobre a questão resulta na vitória do ?Não?, a opção dos setores contrários à proibição do comércio de armas. Para entender os motivos da derrota do ?Sim? no referendo realizado em outubro do ano passado, o Instituto de Estudos da Religião (Iser) lançou hoje à noite, na Casa de Rui Barbosa, em Botafogo, na zona sul do Rio, a publicação ?Referendo, do Sim ao Não: uma experiência da democracia brasileira?.
O documento reúne artigos de sete especialistas, entre sociólogos, antropólogos e historiadores, que analisam os vários fatores que levaram à derrota de uma proposta que, a princípio, parecia contar com amplo apoio da população e da sociedade civil organizada.
De acordo com a secretária-executiva do Iser, Samyra Crespo, ?a reflexão que a publicação traz sobre o referendo implica num aprendizado, que servirá para futuras campanhas?. Entre os fatores que contribuíram para a reversão das expectativas dos setores engajados na luta pela proibição do comércio de armas estão, segundo ela, o marketing político, o papel cada vez maior da internet no jogo político, o prazo curto (três semanas) de campanha e a própria inexperiência das organizações não-governamentais em campanhas desse tipo. ?Também deve ser levada em conta a pressão de frentes parlamentares sobre setores de início amplamente favoráveis ao sim, como algumas igrejas?, disse.
Para o lançamento, o Iser reuniu num debate três dos articulistas do livro, os sociólogos Bernardo Sorj e Gláucio Soares, e o doutor em Comunicação, Mauricio Lissovsky, além do diretor-executivo do Viva Rio, Rubem César Fernandes, e do deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE), que foi o secretário-executivo da frente parlamentar ?Brasil sem Armas?.
A publicação não será vendida em livrarias, mas está disponível para download gratuito nos sites do Iser (www.iser.org.br) e Viva Rio (www.vivario.org.br).