O diretório estadual do PT de São Paulo vai processar judicialmente o secretário estadual da Segurança Pública, Saulo Abreu, pelo que chama de armação contra o partido com base em uma gravação telefônica de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) que cita o PT. O partido responsabiliza Saulo pela fita que mostra um preso ligado ao PCC ordenando ataques criminosos contra políticos e mandando poupar os do PT. "Para o partido esse assunto está esgotado nessa esfera e um advogado foi contratado para cuidar do caso na Justiça", disse Paulo Frateschi, presidente da legenda no Estado.
Ontem, a Secretaria da Segurança Pública informou que o "grampo" existe, e só não pode ainda ser usado pela polícia por falta de autorização judicial. Saulo disse que o CD com a escuta telefônica existe e chegou às mãos da imprensa. Segundo ele, agora a alegação petista de que é uma armação é fruto de disputa política. "Isso é coisa política para ter degrau na campanha. Estão usando estratégia de esgotar o tema", afirmou.
O secretário não confirma a existência de inquérito policial para apurar a ligação entre integrantes da facção criminosa e o PT. Saulo cita inquérito que investiga suposta ligação de um dirigente petista em São Paulo com perueiros, e outro inquérito, aberto no Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), para apurar autorias de atentados nas ondas de violência provocadas pelo PCC. "Querem passar que é uma acusação, uma leviandade em época eleitoral ", afirmou Saulo, sem dizer quando foi aberto o inquérito. Frateschi declarou que não responderá a provocações e que o "PT não tem ligação com o PCC".
A gravação entre dois presos teria sido feita no dia 12 de maio, por um integrante do Poder Judiciário da região oeste do Estado, segundo a secretaria. "Prioridade azul, acima do azul, políticos qualquer um, menos do PT, entendeu, irmão", dissera Anderson de Jesus Parro, o Moringa, para Magrelo. O grampo mostra ainda que os alvo preferenciais seriam políticos do PSDB. Magrelo está no Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes, onde vigora o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
Anteontem, a secretaria divulgou nota em que afirma que "é falsa a informação de que a polícia investiga a existência de ligação entre presidiários de facção criminosa e militantes de partido político", e desmentia "cabalmente" que Saulo "tenha recebido essas gravações".
O Deic recuou ontem da decisão de instaurar um novo inquérito para apurar a participação de Moringa na onda de ataques em 12 de maio. Anteontem, policiais do Deic afirmaram que aguardavam autorização judicial para utilizar as interceptações feitas por uma autoridade da região Oeste do Estado para, então, abrir o procedimento.
Ontem, contudo, a informação foi de que as escutas serão utilizadas num inquérito antigo, que já investiga o envolvimento de integrantes e presos ligados à facção nos ataques.
