PT questiona relatório de Fruet sobre empréstimos de Marcos Valério

Documento elaborado pelo PT contesta o relatório parcial do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), apresentado há 20 dias na CPI dos Correios, que considerou uma "farsa" e inexistentes os empréstimos de R$ 55 milhões obtidos pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza junto ao Banco Rural e ao BMG para alimentar o caixa 2 petista e de partidos aliados. O documento reivindica a retirada do texto de referências a dirigentes do PT e à inexistência dos empréstimos, além de argumentar que "não há isenção no relatório".

"Ao invés de apresentar provas ou conclusões, constrói o deputado Gustavo Fruet seu relatório com base em afirmações vagas, como causa estranheza o modo de execução dos empréstimos" diz o documento. "São necessárias provas, ou ao menos indícios contundentes, que justifiquem a declaração de que os empréstimos ao PT não existiram. Tais estranhezas, sem dúvida, podem justificar suspeitas quanto aos empréstimos; no entanto, não se pode do mesmo modo descartar a possibilidade dos empréstimos terem efetivamente se realizado na prática", observou a bancada do PT.

As alterações propostas pelos petistas deverão ser incorporadas ao relatório parcial, previsto para ser votado amanhã (30) na CPI dos Correios. Mas, em contrapartida, Fruet vai incluir no relatório o depoimento do publicitário Duda Mendonça, que apontou a existência de caixa 2 nas campanhas estaduais de 2002 em São Paulo, Pará, Minas Gerais e Distrito Federal, entre outros. Fruet também concorda em pôr no relatório o empréstimo feito por Valério para financiar a campanha à reeleição ao governo de Minas Gerais, em 1998, do hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB).

No documento, os petistas observam que "não está provado o desvio de recursos públicos" para o valerioduto e pedem a retirada dessa afirmação do texto. Reivindicam ainda a retirada da expressão "projeto de hegemonia" do relatório parcial sob a alegação de que "é vaga e não se sustenta em face do que até agora foi investigado".

No documento, a bancada do PT chama de "argumentação retórica que transcende a necessária imparcialidade" da CPI o parágrafo da introdução do relatório parcial que diz que a "necessidade de financiamento de um partido político serviu de pretexto a que fosse constituída uma articulada e consistente estrutura para desviar recursos públicos de órgãos estatais, promover o financiamento partidário escuso e traficar influências".

A bancada do PT reivindica também a inclusão no relatório parcial do depoimento à CPI dos Correios de Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha à reeleição do então governador tucano de Minas. Mourão disse que recebeu R$ 11 milhões de Valério. "O dinheiro teria sido repassado por meio de transferências bancárias a pessoas ligadas ao PSDB, PTB e PFL, partidos que compunham a coligação que apoiava a reeleição de Azeredo", diz o documento.

Os petistas também querem que Fruet inclua no relatório parcial denúncias de que a Companhia de Desenvolvimento Econômico (Comig) e a Companhia de Saneamento (Copasa) de Minas Gerais repassaram R$ 3 milhões para a SMP&B, agência de publicidade de Valério encarregada de organizar o Enduro da Independência, em 1998. No documento, a bancada do PT também quer pôr o depósito de R$ 1,6 milhão na conta da SMP&B feito pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), em 1998, e o caso da Fundacentro, autarquia que está sendo investigada por suspeita de licitação fraudada na contratação das agências de publicidade Quality e SMP&B.

Em seu relatório parcial, Gustavo Fruet pede o indiciamento, ao Ministério Público, do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e de Valério por lavagem de dinheiro, entre outros delitos. Na nova versão, o deputado tucano também vai pedir o indiciamento de Marcos Prata, contador das empresas de Valério. Fruet também pretende citar, em seu relatório parcial, os nomes do ex-presidente do PT José Genoíno e do tesoureiro do PL, Jacinto Lamas.

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