Uma das coordenadoras do programa ?Fome Zero?, Maya Takagi afirmou nesta quarta-feira que o projeto petista terá mecanismos para evitar erros cometidos no passado por programas semelhantes de erradicação da fome, que muitas vezes estiveram diretamente ligados a denúncias de corrupção e de assistencialismo. Segundo a pesquisadora da Universidade de Campinas (Unicamp), duas medidas poderão ser tomadas nesse sentido.
A primeira será a mudança na forma de distribuir os cupons de alimentação – previstos no ?Fome Zero?. Em vez de repassar para entidades assistencialistas como fizeram outros programas, a equipe petista tentará achar outra maneira de fazer a doação chegar até a população. As entidades, porém, não serão excluídas do projeto e poderão ajudar a fazer o cadastramento dos indigentes.
Outra forma de reforçar o monitoramento do projeto será o treinamento dos beneficiados pelo programa. A idéia do novo governo é fazer com que eles não tenham uma participação passiva no projeto, mas que atuem como “atores” fiscalizando e ajudando na organização.
Takagi rejeitou também a crítica feita por especialistas, que afirmam que, em vez de determinar que o cupom só poderá ser usado com alimentação, o governo poderia deixar a família livre para gastar a doação de acordo com suas necessidades, com alimentos, moradia, roupas ou qualquer outro bem. “Esse é um programa de combate à fome e não de luta contra a pobreza.
Para a pobreza, temos outros projetos”, disse a pesquisadora da Unicamp. Entre eles, Takagi ressaltou o bolsa-escola, o combate ao desemprego, o programa petista de criação de primeiro emprego e a reforma agrária. Ela afirmou ainda que um dos pontos analisados durante a formulação do ?Fome Zero? foi a ligação entre a distribuição dos cupons de alimentos e o estímulo que isso pode representar para a produção agrícola. “Uma coisa está ligada à outra e pensamos nisso quando criamos o programa”, explicou.