É ruim no PT a situação de seu presidente, deputado Ricardo Berzoini (SP). Depois de ser responsabilizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela contratação dos "aloprados" que se envolveram no escândalo do dossiê anti-tucano e de ser afastado do comando da campanha, Berzoini deverá ser chamado pelo próprio PT, ainda em outubro, a dar explicações sobre sua participação na tentativa de montagem do dossiê.
"Eu quero confirmar com o deputado Berzoini se ele teve participação nessa história maluca. Eu, que não tenho nada com isso, sei o que estou passando. Nem mais posso fazer campanha, só dar explicações sobre tudo o que sempre condenei", disse o secretário-geral do PT, deputado estadual Raul Pont (RS). "Não sei se isso que foi feito vai prejudicar a campanha do presidente Lula. Mas sei que causou um desgaste muito grande para o partido", afirmou Pont, que na eleição direta para presidente do PT, no ano passado, disputou o cargo com Berzoini.
O presidente do PT está muito arisco. Recusou-se a atender os telefones celulares de jornalistas que constam de sua agenda. E, quando a ligação partiu do comitê central da campanha do presidente Lula, atendeu. Mas, ao saber que do outro lado estava um repórter, disse que não poderia falar e desligou o aparelho. "Não tenho nada para falar", foi a única frase que disse.
A página de Berzoini na internet, no entanto, continua ativa. Ele postou três notícias ontem em seu site (www.ricardoberzoini1331.can.br). Duas delas falavam dos comícios feitos no fim de semana em São Paulo pelo presidente Lula. Outra, tratava da informação de que a Polícia Federal de Cuiabá vai abrir inquérito específico para apurar a participação do empresário Abel Pereira na intermediação de verbas para a compra de ambulâncias para o esquema da máfia dos sanguessugas. Pereira é ligado ao ex-ministro da Saúde Barjas Negri, tucano, prefeito de Piracicaba.