PT perde todas no segundo turno no Rio Grande do Sul

Porto Alegre, 31 (AE) – O ex-senador José Fogaça (PPS) venceu a eleição para prefeito de Porto Alegre e impôs ao PT, do candidato Raul Pont, a derrota mais simbólica das eleições municipais deste ano. A capital gaúcha era o caso mais vistoso de administrações bem-sucedidas do PT, que ganhou quatro eleições consecutivas e, ao longo de 16 anos, projetou a cidade para o mundo como o berço do orçamento participativo e do Fórum Social Mundial. O resultado do segundo turno também retirou o PT dos outros dois maiores colégios eleitorais do Rio Grande do Sul. Em Caxias do Sul, Marisa Formolo perdeu para José Ivo Sartori (PMDB). Em Pelotas, Fernando Marroni foi derrotado por Bernardo de Souza (PPS).

Na primeira entrevista como prefeito, Fogaça reiterou a posição tomada durante a campanha de manter ações positivas da administração petista no município e reformular algumas áreas, como a da saúde. Ele disse que vai tomar a iniciativa de procurar os organizadores do Fórum Social Mundial, que será realizado na cidade em janeiro de 2005, para tratar da próxima edição. O evento foi um tema freqüente da campanha na capital. “Quero reafirmar nosso compromisso de que vamos trabalhar para todos, mas nossa energia, capacidade de trabalho e disposição será colocada para pessoas que mais precisam da prefeitura”, afirmou.

Fogaça assume uma prefeitura com contas ajustadas, mas apertadas, e um orçamento de R$ 1,5 bilhão por ano. Ele promete manter o orçamento participativo, tão caro ao PT, mas terá de tirar do papel algumas obras atrasadas desde 2002. Recebe alguns projetos de grande visibilidade em andamento, como um programa de urbanização de todas as favelas da entrada da cidade, um hospital no bairro Restinga e o processo de adoção do bilhete único no transporte coletivo.

Rigotto – Se o PT foi o grande derrotado no Rio Grande do Sul, o governador Germano Rigotto fatura o resultado como grande vencedor. Desde o primeiro turno, quando ficou distante da disputa, ele contava com 438 prefeitos eleitos por partidos aliados. Agora, depois de subir aos palanques de Fogaça e de Sartori e de declarar apoio a Bernardo de Souza, Rigotto vê 441 municípios distribuídos entre o seu PMDB, o PP, o PDT, o PTB, o PFL, o PSDB, o PHS e o PPS.

“Isto fortalece o nosso projeto”, comemorou Rigotto ao saber dos resultados, no início da noite, em Porto Alegre. O governador destacou o alto índice de aprovação que tem, com avaliações positivas próximas a 75%, apesar dos problemas financeiros que o Estado enfrenta. Admitiu que o resultado eleitoral o torna mais forte para negociar com o governo federal repasses maiores para compensar a desoneração das exportações e complementação da reforma tributária. Só não quis falar da própria candidatura, tida como certa, à reeleição em 2006.

Composição – Assim como Rigotto fez em 2002, Fogaça terá de acomodar um grande leque de partidos na composição de seu governo. Estão na aliança que apoiou sua candidatura o PTB, coligado desde o primeiro turno e sigla do vice-prefeito Eliseu Santos, o PSDB, PMDB, PDT, PP, PFL, PV, PDT, PHS, PSDC e PRTB. O senador Sérgio Zambiasi, “dono” do PTB local, vai ter grande influência na administração municipal por meio do vice-prefeito Eliseu Santos.

Para o PT e seus aliados PSB e PL sobraram 55 prefeituras. O número é maior que as 42 conquistadas em 2000, mas nenhuma delas tem o peso dos três maiores colégios eleitorais. Sobraram, entre os municípios médios, Santa Maria e Gravataí. Ao reconhecer a derrota, às 20 horas, Pont destacou que o número de votos alcançados mostra a tendência de o partido continuar crescendo no País. “Temos um projeto maior que isso, um projeto nacional que nos anima e que pensa uma nova sociedade”, conformou-se.

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