Rio (AE) – O PT não pagou o empréstimo de R$ 2,4 milhões que obteve do banco BMG, no início de 2003, com aval do publictário Marcos Valério Fernandes de Souza. O prazo para o pagamento venceu às 18 horas de hoje (22) e amanhã (23) os advogados do banco entrarão com um pedido de execução judicial contra o PT. O partido será citado em 24 horas para efetuar o pagamento ou nomear bens para serem penhorados para quitar a dívida, cujo saldo atualizado é de R$ 3,255 milhões.
Também serão citados os avalistas do empréstimo, além de Marcos Valério, o ex-presidente do PT, José Genoíno, e o ex-tesoureiro do partido, Delúbio Soares. "A dívida é do PT. Se o partido não pagar e não apresentar bens, os avalistas terão bens penhorados, mas poderão solicitar o direito regresso", afirmou o advogado Raphael Miranda, do escritório Sérgio Bermudes, citando o direito dos avalistas de cobrar depois do PT as quantias que forem obrigados a pagar pelo partido.
O empréstimo, que detonou a ligação entre o PT e o esquema do publicitário Marcos Valério, causou a saída de Delúbio do cargo de tesoureiro do partido e a renúncia de Genoíno da presidência do PT. As operações do BMG e do Banco Rural estão sendo investigadas pelas CPIs do Mensalão e dos Correios.
Entre fevereiro de 2003 e julho de 2004, foram cinco os empréstimos concedidos pelo banco BMG ao PT e a empresas ligadas a Marcos Valério. As operações somam R$ 43,6 milhões (valores sem atualização). Somente um deles foi quitado, de R$ 12 milhões contraído e pago pela SMP&B.
Além da dívida que venceu hoje, outras três operações têm vencimento no dia 1º de setembro e, segundo informação dos advogados do BMG, também serão executadas judicialmente, caso não sejam pagas.
Os outros três empréstimos foram feitos para a SMP&B, Graffiti Participações, que tem a mulher de Marcos Valério, Renilda de Sousa, como acionista e Tolentino e Associados, do advogado Rogério Tolentino, também sócio de Marcos Valério.
A coincidência de datas de operações feitas no BMG demonstram que alguns empréstimos feitos por Marcos Valério foram contraídos para pagar total ou parcialmente outros financiamentos feitos por ele no própio banco. Foi dessa forma que o publicitário amortizou uma parcela de R$ 350 mil da dívida do PT. Esse mesmo empréstimo já havia sido amortizado outras cinco vezes em renegociações feitas pelo próprio PT.
O empréstimo concedido ao PT foi uma iniciativa de Delúbio Soares, segundo ele para quitar dívidas do partido. Inicialmente, Genoíno chegou a negar que houvesse sua assinatura na operação. Porém, dias depois o BMG confirmou a existência de uma nota promissória assinada por Marcos Valério e pelos avalistas José Genoino e Delúbio Soares.