O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares iniciou seu depoimento na CPI dos Correios negando o pagamento de mesada aos parlamentares e negando também que o PT oriente a compra de votos de apoio às teses do governo. Ele disse que o partido em 2003 e 2004 usou de recursos não contabilizados para as campanhas de vários membros do diretório e de partidos da base e confirmou que usou as empresas do publicitário Marcos Valério para empréstimos junto às instituições financeiras.
Delúbio afirmou que os empréstimos foram feitos nos bancos Rural e BMG com a finalidade de quitar débitos de campanha com fornecedores. "Usamos estes recursos para pagar dívidas da campanha eleitoral. Todos aqui sabem como é feita uma campanha eleitoral" , afirmou, o que provocou reação imediata de alguns parlamentares. "Não quero ofender nenhum parlamentar", complementou, acrescentando que os partidos são instituições fortes. Ele afirmou que o partido recorreu a este instrumento para quitar dívidas não contabilizadas – em nenhum momento até agora usou a expressão caixa dois – de companheiros que ficaram devendo em 2002.
Na preparação da campanha de 2004, segundo ele, foram usados recursos também não contabilizados da ordem de R$ 39 milhões. Delúbio disse que os partidos têm grande dificuldade em tomar financiamento. "Sinto isso no PT e entendo que outros partidos tenham essa mesma dificuldade", afirmou, atribuindo as dificuldades ao fato de os doadores não se identificarem. "Isso é fato e é divulgado pela imprensa". Segundo ele, quem tem familiares que já disputaram eleição sabe como é uma campanha de vereador, deputado e senador.