PT indulgente

O novo diretório nacional do Partido dos Trabalhadores, sob a presidência do ex-ministro Ricardo Berzoini, expulsou o ex-tesoureiro Delúbio Soares da agremiação. A votação foi de 37 votos pela expulsão, 16 por uma suspensão de três anos e três abstenções. Delúbio não havia sido afastado quando o resto de sua cúpula desmantelou-se e caiu fora, empurrada pela crise causada por movimentações ilegais de dinheiro, formando o caixa 2, e a possível existência do mensalão, ainda uma dúvida, pelo menos na forma como foi denunciada pelo aliado do governo e ex-presidente do PTB, deputado cassado Roberto Jefferson. Seria um pagamento mensal, uma mesada da ordem de R$ 30.000,00 aos deputados de partidos aliados, para que votassem favoravelmente às matérias de interesse do governo. Os apoios partidários também teriam sido alugados. Jefferson foi, em toda essa crise, o primeiro punido. Seu mandato foi cassado pela Comissão de Ética da Câmara.

O esquema montado, que gerou a maior crise deste governo e talvez dos muitos que o País já teve (ou sofreu!), seria a obtenção pelo empresário mineiro da área de propaganda Marcos Valério Fernandes de Souza de dinheiro em bancos, em seu nome e não raro com aval de dirigentes petistas, e sua distribuição às escondidas a deputados. Delúbio comandaria toda a operação de distribuição do dinheiro, dizendo a quem deveriam ser destinadas as quotas ou mensalões. Como tesoureiro do PT, seria o ?poderoso chefão?, versão pouco crível. Há a presunção de que o comando efetivo seria do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, com a complacência, concordância e aplausos da cúpula do PT e, quem sabe, do Palácio do Planalto.

Indubitável o papel essencial de Delúbio Soares no escandaloso caso de manipulação política via compra de apoios e votos. Duvidosa sua responsabilidade pessoal única, que sempre tentou assumir, isentando o resto dos dirigentes petistas e o governo. Ele não poderia, no cargo que ocupava, ter tantos poderes e liberdade de ação. No mais, a coisa não ficou só nas importâncias levantadas por Delúbio, pois muito mais dinheiro foi movimentado, inclusive elevadas quantias vindas do exterior. Quem forneceu o numerário que se conta em muitos milhões e quem mandou efetivamente pagar ainda não se sabe.

De qualquer forma, é interessante analisar a demora na expulsão de Delúbio, o fato de que ele leu sua defesa na sessão de julgamento chorando e que teria sido aconselhado por José Dirceu a desfiliar-se, mas se negou, pois dedicou 25 anos ao PT, onde começou a militar com apenas 18 anos de idade.

Ou há um arraigado espírito de corpo no PT ou existe o entendimento, denunciado por muitos analistas, que o sentimento dos envolvidos é que, para reforçar o partido e mantê-lo no poder, vale tudo. Arrumar dinheiro, não importa como, não é crime, já que a agremiação seria, por sua ideologia socialista, salvadora da pátria e redentora das massas…

O que importa é manter-se no poder e tentar a ?mexicanização?, ficar comandando o Brasil indefinidamente. No México, o grupo governou por 70 anos. Para tanto, grupos políticos extremados fazem revoluções. Pela via democrática, só com muito dinheiro, não importa se de origem lícita ou ilícita.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo