O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares informou há pouco, aos membros da CPI dos Correios, que o partido tinha, em 31 de dezembro, uma dívida de R$ 20 milhões com fornecedores. Segundo ele, em 2003 o PT gastou R$ 34 milhões e já havia déficit de R$ 2 milhões do ano anterior que foi jogado para frente em 2004, quando entraram R$ 48 milhões nos cofres do PT, que gastou R$ 68 milhões.
Em seu depoimento, Delúbio reafirmou que não há recursos públicos nos empréstimos feitos para o PT pelo empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza e que se tratou de empréstimos normais de bancos privados.Questionado se procurou outras empresas, além das de Marcos Valério, para fazer empréstimos, ele disse que não.
Questionado se alguém do Banco Rural o procurara para obter vantagens no governo federal em troca dos empréstimos feitos ao partido, também negou. Delúbio também negou que conhece o procurador da Fazenda, Glênio Guedes, que recebeu altas somas em dinheiro de Marcos Valério.
Delúbio afirmou que não acompanhava os saques que Marcos Valério mandava fazer com dinheiro dos empréstimos feitos para pagamentos de débitos da campanha de 2002. Ele disse ainda que, quando afirmou que pagava diretórios do PT, ele se referia a membros dos diretórios que estavam com problemas.
Questionado se conhecia Simone Vasconcelos, que trabalha numa empresa de Marcos Valério e se ela vinha a Brasília fazer destinação dos recursos – conforme informação da ex-secretária do publicitário, Fernanda Karina Somaggio, disse que não acompanhava os saques.
Já quanto a Ivan Guimarães, ex-presidente do Banco do Brasil, confirmou que o conhece desde 1988 e disse que sempre foi grande entusiasta do Banco Popular, desde que era do Conselho do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e dirigente da CUT.
Já sobre uma campanha publicitária feita pela DNA para o Banco Popular, no valor de R$ 24 milhões, não respondeu, alegando que não tem procuração para defender o Banco Popular nem tampouco as empresas de Marcos Valério, dono da DNA.
Em seu depoimento, Delúbio disse que não teve nenhuma influência na indicação de membros do governo, embora muitos ocupantes sejam seus amigos. Nesse contexto, negou, também, que tivesse feito qualquer intermediação para indicação de nomes para a diretoria de Furnas nem de nenhuma outra empresa estatal.
Em resposta a questionamento do relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), Delúbio disse que não foi procurado por dirigentes da Skymaster, empresa que teria fraudado contratos com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).
Disse, também, que não conhece o presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouveia Vieira. Quando questionado se haveria um acordo com a Firjan de abrandamento das dívidas de empresas fluminenses com o INSS em troca de contribuições dessas empresas para o PT, disse que mandou investigar essa denúncia, que ele desconhecia. Delúbio confirmou que fez uma visita à Usiminas, acompanhado do então presidente do PT José Genoino, a convite da empresa para conhecer suas instalações.